Amplamente acelerada pela pandemia, já ficou comprovado que a transformação digital nada muda o cenário corporativo se o ser humano não estiver no centro de toda essa inovação.
Digitalização e transformação digital: A tendência não parou por aí
Esse triste cenário passou a gerar um sentimento de desilusão na alta e média gestão e levou algumas empresas a desistirem de evoluir os seus modelos e não manterem o foco na execução das mudanças necessárias. Por outro lado, e tal como já foi apresentado noutros artigos, não existe mais a possibilidade de desistir de promover essas modificações ou mesmo desacelerar essa tendência. São indícios cada vez mais evidentes de que muitas organizações têm dificuldades para visualizar a diferença entre o que é digitalização e a transformação digital.
As corporações não têm se atentado para o fato de que a verdadeira revolução não pode depender apenas de processos e da sua digitalização. Conceitualmente isso é simplesmente a aplicação de tecnologia para a execução de uma atividade. E este tem sido o principal foco da grande maioria das empresas quando, por exemplo, desenvolvem novos aplicativos, migram as aplicações para cloud, implementam big data e inteligência artificial, adotam novos canais de venda, etc.
Digitalização e transformação digital: Se aproveitando da tecnologia
A transformação digital se suporta nessa digitalização ou utilização da tecnologia, como meio para que a experiência seja diferenciada. O foco deverá ser no ser humano. O aspecto tecnológico é apenas o meio para acelerar e facilitar essa experiência. Mas, se parece ser tão simples porque ainda gera frustração e continua sendo complexo no dia a dia dos executivos?
E talvez essa seja uma das principais causas da dificuldade de colocar em prática a transformação digital: a centralização das iniciativas na liderança. Para que este processo seja simplificado e também muitos consigam distinguir a diferença, algumas dicas podem ser adotadas.
Digitalização e transformação digital: Digitalização como meio ou como fim
A utilização da tecnologia é um aspecto crucial na transformação digital. Mas a melhoria de processos focando na experiência também deverá ser levada em conta.
Por vezes, é simplesmente uma melhoria no processo com pouco envolvimento de tecnologia que ajuda nessa percepção de experiência diferenciada.
Desse modo, os processos precisam ser estudados não só do ponto de vista de eficácia e produtividade como também de melhoria de experiência. Um exemplo típico é o processo de solicitação de cartão de crédito que foi implementado por uma conhecida startup do mercado Brasileiro. Esse processo não envolve tecnologia de altíssima complexidade e necessidade de investimento. No entanto, é uma experiência super agradável e simples. Assim, o cliente já tem uma vivência diferenciada desde o primeiro contato.
Digitalização e transformação digital: Melhorar a experiência do cliente ou do ser humano
O grande foco da transformação digital é o ser humano; independentemente de ele ter o papel de cliente ou ser um profissional da organização. A mudança precisa também ser interna envolvendo todos os profissionais. Se os colaboradores forem impactados constantemente por uma experiência diferenciada, com certeza se tornarão agentes de mudança e multiplicadores que irão “contaminar” positivamente todo o ecossistema onde estão envolvidos, inclusive os clientes. Esse aspecto deve ser incentivado constantemente para que seja possível multiplicarmos as ideias e exponencializar a criatividade.
Digitalização e transformação digital: Cultura transformacional
A transformação digital precisa ser uma preocupação e foco constantes de toda a organização e não só de uma área ou nível hierárquico. Embora os profissionais tenham visões diferentes, a nova cultura deve ajudar todos a se concentrarem na melhoria da experiência por intermédio da sua especialidade. Por exemplo, o profissional de TI deve se concentrar na melhor tecnologia possível, o profissional de design no melhor CX possível, o especialista de negócios no melhor modelo de negócio, e todos eles no que viabilize a melhor experiência.
Por isso a utilização das equipes multidisciplinares é extremamente importante. Quanto mais experiências e especializações diferentes tivermos dentro da equipe num ambiente colaborativo, melhor será o resultado potencializando a transformação digital.
Essa revolução deixou de ser uma mera opção. É imperativo que as organizações mantenham a velocidade no processo de transformação. É necessário que todos estejam envolvidos, tanto dentro quanto fora da organização. Todos eles deixarão de ser clientes e colaboradores para serem fãs da empresa, dos seus produtos e dos serviços. Esse é o diferencial das organizações que estão crescendo exponencialmente e irão sobreviver aos tempos conturbados e voláteis que a população vive e viverá nos próximos tempos.
Carlos Baptista é professor e coordenador no Núcleo de Seleção de Alunos do MBA da FIAP. Especialista em transformação digital, atua como diretor da A&B Consultoria e Desenvolvimento Humano e é co-criador do Modelo Ágil Comportamental (MAC). Possui mais de 30 anos de experiência em TI no Brasil e Portugal.
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