Práticas mais integrativas geram resultados positivos: CEO da Senior Concierge aborda sobre as ações promovidas na sua empresa.
Apesar de corresponderem a 51,1% da população (contra 48,9% dos homens) na sociedade brasileira, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) do IBGE, as mulheres ainda sofrem com várias desigualdades no quesito liderança no mercado de trabalho.
Segundo a consultoria Grant Thornton, 38% dos cargos de liderança nas empresas eram ocupados por mulheres em 2022. Apesar de a estatística registrar um crescimento pelo menos desde 2011, no ano passado houve uma leve queda em relação a 2021 (quando 39% das lideranças em empresas eram femininas).
Considerando o quadro geral no mundo corporativo, o cenário também é complicado. De acordo com o IBGE, somente 54,5% das mulheres com 15 anos ou mais integram o mercado de trabalho, enquanto no caso dos homens o número é de 73,7%.
E mesmo quando estão atuando profissionalmente, as mulheres sofrem com todo o preconceito de gênero, incluindo o sexismo, piadas machistas, mansplaining e em casos mais graves assédio moral ou sexual.
Márcia Sena, especialista em qualidade de vida na terceira idade, fundadora e CEO da Senior Concierge, empresa que pratica um modelo de atenção integrada para dar suporte a pessoas com mais de 60 anos, pontua que as mulheres conseguiram avanços importantes na sociedade brasileira principalmente na última década, mas ressalta que ainda há muito a se fazer.
“O mercado de trabalho ainda é um espaço muito masculino porque durante várias décadas foi o principal local de vivência do homem, enquanto mulheres exerciam papéis sociais de donas de casa. Então essa realidade que durou bastante tempo ainda reflete nos tempos de hoje e por isso que precisamos continuar quebrando barreiras e mostrando que ambos os gêneros podem contribuir muito como membros produtivos na sociedade”, argumenta.
Práticas mais integrativas geram resultados: valorização da diversidade e inclusão
Sena acredita que a única forma de diminuir desequilíbrios e efetivamente melhorar a vida das pessoas é tomando atitudes práticas. Na Senior Concierge, 100% das colaboradoras internas são mulheres, incluindo 3 pessoas em posição de liderança. No caso de profissionais externos, são 85% mulheres.
E a inserção de mais pessoas do gênero feminino no mercado de trabalho e em quadros de liderança gera uma cascata de benefícios. Com ambientes mais proporcionais entre homens e mulheres diminui-se a diferença de tratamento de gênero, estimulando a perpetuação de culturas menos sexistas.
A ocupação dos espaços corporativos pelas mulheres também é um fator que contribui para a equiparação de salários, que é outro problema diagnosticado no Brasil. O IBGE mostrou que em 2021, os homens recebiam cerca de 20,5% a mais do que mulheres, mesmo quando o perfil de escolaridade, idade e setor de trabalho eram os mesmos.
As vantagens de contar com ambientes mais equânimes não param por aí. Mais mulheres no mercado de trabalho significa ambientes mais seguros e adequados para lidar com possíveis casos de abuso (já que normalmente mulheres preferem relatar esses casos para outras mulheres) e uma maior variedade de competências.
“Ter um time com mulheres gera bastante engajamento, comprometimento e principalmente segurança e acolhimento. Nós sofremos tanto em alguns outros segmentos como a rua, que poder olhar para o lado e perceber que podemos contar com alguém semelhante é bastante forte e gera até uma afetividade maior. No fundo, temos colaboradores mais felizes, trabalhando melhor, com mais qualidade de vida e que se sentem contentes em participar deste ciclo virtuoso”, afirma Sena.
E outro fator essencial neste debate, apesar de possuir outras particularidades, é a inclusão de mulheres que pertencem às minorias. Neste sentido, contar com profissionais negras e trans, por exemplo, acaba sendo um efeito multiplicador e auxiliando a quebra de várias barreiras que separam pessoas de gêneros, etnias, orientações sexuais e outras identidades.
A Senior Concierge possui no time tanto profissionais negras quanto uma mulher trans em posição de liderança (supervisão), fator que gera orgulho na CEO. Márcia Sena enxerga que oferecer estas oportunidades é muito importante para educar não somente o mundo corporativo, mas também a comunidade sobre feridas muito abertas.
“Esses problemas só serão superados quando houver um entendimento geral de que tudo isso afeta também a coletividade de maneira geral. Por isso, oferecer oportunidades para mulheres de alguma minoria social é um entendimento nosso de que se quisermos ser uma empresa moderna e engajada com o país, precisamos acolher e fazer a nossa parte entendendo as vulnerabilidades de cada recorte dessas mulheres e oferecendo uma oportunidade de crescimento e participação no mundo do trabalho”, defende Sena.
No caso de mulheres negras, além do racismo, elas são a principal vítima dos feminicídios cometidos no país. As transsexuais também acabam sendo alvo de discursos de ódio e violência, com um relatório da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA) mostrando que o Brasil é o país que mais mata essa população no mundo.
“Sou profissional de enfermagem e entrei na empresa como cuidadora, e a coordenação notou o meu desempenho e me promoveram para a supervisão, eu uma mulher trans. Desde o princípio, a supervisão, as minhas colegas de equipe, RH e inclusive os clientes me acolheram e me trataram muito bem. Sou agradecida, porque, infelizmente sabemos que muitas meninas trans não têm as mesmas oportunidades de empregos formais”, relata a Supervisora Kauany Moreira.
Práticas mais integrativas geram resultados: a flexibilidade como outro fator integrador
A desigualdade entre homens e mulheres no mercado de trabalho é explicada por diversas razões, sendo o comprometimento maior delas com os afazeres domésticos uma destas respostas. Segundo o IBGE, as pessoas do gênero feminino dedicam o dobro de tempo (21,4 horas semanais) com afazeres domésticos na comparação com homens (11 horas).
A chamada “dupla jornada”, já que existe uma pressão social maior para que elas cuidem dos filhos e da casa, acaba sendo um dificultador para que elas se inserem no mercado de trabalho. Não é raro, inclusive, conhecer pessoas que abdicaram a carreira profissional para se dedicar na criação dos filhos, por exemplo.
Como executiva, a fundadora da Senior Concierge sustenta que por causa dessa cultura é preciso adequar métodos de trabalho e tornar mais flexíveis as rotinas laborais. Ela é defensora do modelo híbrido como uma forma de oferecer mais equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
“Com a possibilidade de trabalhar parte do tempo em casa, as pessoas conseguem dar conta tanto das tarefas do trabalho quanto da rotina da casa com a família e filhos. Eu percebi que precisávamos de novos modelos quando trabalhava na indústria farmacêutica e me sentia sugada pela necessidade de estrar presencialmente todos os dias. Estando em casa, as colaboradoras conseguem otimizar o tempo e se tornarem até mais produtivas, já que ficam felizes por conseguir transformar o tempo do deslocamento no trânsito em outras atividades”, exemplifica.
Ela cita particularmente o caso de uma colaboradora que por trabalhar em home office, consegue passar mais tempo com a filha recém-nascida, diferentemente do que aconteceu com o filho mais velho. Como ela precisava atuar presencialmente quando o filho era menor, ele acabou preferindo morar definitivamente com a avó por causa da maior presença dela em sua criação.
“A Senior é um diferencial no mercado. Me acolheu quando mais precisei. Sem sombra de dúvidas ela se preocupa e prioriza as mulheres que são mães. Trabalho na empresa há 4 anos e comecei como cuidadora. Porém, há dois anos, descobri que estava grávida. A gerente me convidou para trabalhar como escalista e ficar na parte interna da empresa.”
“Nessa nova função estou há mais de um ano e posso afirmar que aqui é uma empresa humana. Pois, infelizmente não consegui cuidar e acompanhar o crescimento do meu primeiro filho, mas agora a empresa está me proporcionando vivenciar esse momento tão maravilhoso com a minha bebê, através da flexibilidade que me dão e, também a possibilidade de levar a minha filha nas reuniões de equipe. A Senior faz um diferencial na minha vida e de toda minha família”, comenta Luciana Mello colaboradora da Senior Concierge.
E além da flexibilidade em relação ao ambiente, a especialista em qualidade de vida na terceira idade salienta que as empresas precisam repensar os horários de trabalho. Sobre isso, ela diz que prefere pensar em parâmetros como entregas de demandas e resultados do que necessariamente as horas trabalhadas.
“A ação é a melhor forma de fazer com que a gente vire um agente transformador da sociedade. Por causa disso, cabe a nós como gestores entender as dificuldades das pessoas e fazer com que elas sintam acolhidas e suportadas. Esse ciclo cria efetivamente uma cultura aglutinadora, aberta e de respeito”, finaliza.
Sobre Márcia Sena
É fundadora e CEO da Senior Concierge e especialista em qualidade de vida na terceira idade. Tem MBA em Administração na Marquette University (EUA) e experiência em várias áreas da indústria farmacêutica.
Criou a Senior Concierge a partir de uma experiência pessoal de dificuldade de conciliar seu trabalho como executiva e cuidar dos pais que estão envelhecendo. Se especializou nas necessidades e desafios da terceira idade e desenvolveu serviços com foco na manutenção da autonomia de pessoas da melhor idade no seu local de convívio, oferecendo resolução de problemas de mobilidade, bem-estar, tarefas domésticas do dia a dia e segurança contra males súbitos.
Sobre a Senior Concierge
Uma empresa com um novo jeito de dar suporte aos 60+, com um modelo de atenção integrada e centrada nas reais necessidades dos maduros. Uma resposta dos novos tempos para um modelo que se esgotou, que é o modelo curativo baseado nas doenças, praticado por outras empresas, mas que visa a prevenção e cuidado. Com a proposta de garantir um envelhecimento prazeroso, proporcionando qualidade de vida, e bem-estar dos familiares.
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