Receber uma contraproposta de trabalho é bom ou ruim?, esse é o tema do artigo de hoje, escrito por Jorge Martins.
Especialista em gestão de pessoas e recrutamento e seleção aponta quando o funcionário tem que ficar atento para não cair em uma armadilha.
Com a retomada da economia, o mercado de trabalho volta a ficar aquecido e as oportunidades de emprego reaparecem, tanto para quem está desempregado, quanto para aqueles que já estão trabalhando.
E aí, começa a corrida das empresas por profissionais e uma prática muito comum volta ao jogo: a contraproposta, prática onde as empresas oferecem uma proposta aparentemente melhor para não perder funcionários da casa. Cobrindo assim, ofertas de salário, fazendo readequação de cargos, entre outros movimentos.
Contraproposta de trabalho: positivamente
Essa prática é aparentemente algo que soa como bastante positivo entre alguns profissionais. Afinal, podem se sentir valorizados, ganhando um salário maior e eventualmente uma promoção de nível de cargo de forma repentina. Esses são só alguns “benefícios” que as pessoas costumam citar quando recebem uma contraproposta das empresas que estão atualmente.
No entanto, o que inicialmente pode parecer muito positivo pode virar uma armadilha para a carreira. É o que aponta Jorge Martins, executivo especialista em recrutamento e seleção, CEO da
Bullseye Executive Search .
Contraproposta de trabalho: etapa anterior
Jorge observa que existe uma etapa anterior a contraproposta que é necessário ser muito bem avaliada pelo profissional. “Se questione sobre alguns pontos: quando começou a procurar emprego a razão era que você não estava feliz, não via oportunidade de crescimento, a empresa tem um ambiente tóxico que você já vinha querendo mudar a bastante tempo?
Não tinha um plano de carreira? Se a resposta for sim para a maior parte das perguntas, será que aceitar a contraproposta não deve ser repensada? Afinal depois que passar um tempo, a tendência é que os problemas voltem a aparecer e esse profissional pode ter deixado passar uma oportunidade muito melhor”, fala.
Segundo o especialista, o profissional deve avaliar de forma muito crítica quando recebe uma contraproposta. Isso porque, na prática, a empresa só ofereceu condições melhores de trabalho depois que aquele funcionário recebeu uma proposta melhor.
Se a companhia tem a possibilidade de melhorar salários e oferecer benefícios a seus funcionários, por qual razão propor isso apenas quando está prestes a perdê-los?, questiona Martins.
Contraproposta de trabalho: valorização do trabalho
“É comum vermos o candidato desistir de uma oportunidade que já tinha aceitado, que de fato pode ser muito melhor para ele, somente porque a empresa que está atualmente fez uma contraproposta. No entanto, ele não avalia que não existiu valorização do trabalho anterior e real reconhecimento. Isso nada mais é do que um comodismo das companhias para não ter que fazer novas contratações”, fala Jorge.
O executivo complementa que além da suposta valorização, que não é real, ainda existe uma falsa sensação de crescimento, pois muitas vezes são feitos convites de promoções apenas para motivar o funcionário. E quando não tem um planejamento de carreira, pensando no desenvolvimento do funcionário, ele pode não ficar pronto para o mercado, para quando decidir mudar.
Contraproposta de trabalho: um erro grave
“Isso é um erro grave, pois existem ciclos e fases na vida profissional que todos os profissionais têm que passar para adquirir maturidade e relevância dentro da área de atuação. Primeiro por aprendizado, uma vez que quando ele sair daquela empresa ele vai estar apto de fato a ocupar o cargo a altura do seu potencial real. E segundo, porque se em algum momento ele for demitido e tentar se recolocar, a ascensão rápida de carreira, que não veio de forma planejada e estruturada, mas sim de uma estratégia da empresa para manter o funcionário, vai deixar o currículo deste profissional não condizente com as características que outras corporações pedem, e com isso ele pode não conseguir se recolocar”, chama atenção, Jorge.
Muitas vezes a decisão de permanecer na empresa atual está ligada ao financeiro, mas também ao comodismo e medo do novo. No entanto, é importante avaliar na oportunidade que surgiu, se há planejamento de carreira, possibilidade de aprendizado e de uma valorização a longo prazo. Isso é o que de fato vai tornar o profissional competitivo para o mercado e com possibilidades de recolocações mesmo em momentos difíceis.
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