Os desafios da pandemia e a atenção à gestão emocional nas organizações

Desafios da pandemia

Perdas nas organizações já estão na ordem de US$ 8.1 trilhões com a falta de foco na gestão comportamental e emocional.

O bem-estar dos colaboradores e os cuidados com a saúde mental são hoje os protagonistas nos debates sobre gestão nas organizações no mundo todo. “Antes da pandemia do novo coronavírus já enfrentávamos uma pandemia da saúde mental e a situação se agravou dramaticamente.

Isso é uma clara demonstração de que os profissionais em posição de liderança têm uma oportunidade ímpar para adicionar novas dimensões e competências de liderança para que possam manter relevância em ambientes cada vez mais desafiadores de negócios”, alerta o antropólogo, sociólogo e cientista político Carlos Aldan, CEO do Grupo Kronberg, empresa especializada em desenvolvimento de líderes, assessment e coaching.

Segundo ele, o desengajamento que já era um sério problema antes da pandemia e girava em torno de 70% a 80% aqui no Brasil e no resto do mundo, revela perdas às organizações na ordem de US$ 8.1 trilhões. “Esse é o custo para a economia global em perda de produtividade, com dados recentes de uma pesquisa Gallup, de 2021”, destaca Aldan.

Desafios da pandemia: Os números do relatório

De acordo com os números revelados no relatório, os líderes precisarão, além de promover o autocuidado, oferecer apoio emocional às organizações. “A Kronberg defende desde 2002 que as empresas devem endereçar, além dos motivadores extrínsecos, salários, bônus, benefícios, status; os motivadores intrínsecos também: relacionamentos, reconhecimento, pertencimento e propósito.

A corrida atrás de metas trimestrais, mês após mês, cansa as pessoas. O propósito é um direcionador de crescimento importante para aquelas que têm que fazer uso dos motivadores para aumentar o engajamento”, diz Aldan. “O que temos visto é um aumento das doenças emocionais, aumento de casos de burnout, de ansiedade e de esgotamento nas organizações”, ressalta.

Quando se fala da importância dos motivadores intrínsecos, Aldan lembra da história dos três trabalhadores que quebravam pedras. O primeiro, quando perguntado sobre o que estava fazendo, respondeu prontamente que quebrando a “porcaria” da pedra e que não via a hora de ir embora para casa.

Já o segundo, ao ser questionado, respondeu que estava quebrando as pedras em partes iguais e aguardando a hora de dar o horário para ir para a casa. Chega o terceiro e diz: estou quebrando essas pedras de granito, em partes uniformes que servirão para construir aquela catedral lá embaixo, que se servirá aquela comunidade.

São três pessoas fazendo exatamente e rigorosamente a mesma coisa, mas com expectativas diferentes. O dia é mais gostoso e passa mais rápido para quem tem significado e propósito.  P

or isso, a importância do propósito como direcionador dessa motivação adicional para as pessoas se engajarem em uma organização que tenha um propósito muito claro. “Precisamos aprender a endereçar os motivadores intrínsecos ou continuaremos com resultados de 80% de desengajamento e de 70% de burnout”, diz.

O verdadeiro líder, segundo ele, trata as pessoas com dignidade, com respeito e garante autonomia para o trabalho. Trata-se de um líder inspirador, que cria um ambiente com propósito, com segurança psicológica, é interessado nas pessoas e faz conexão emocional.

Desafios da pandemia: Seis principais condições para promover engajamento

1ª) Autonomia pessoal – o talento precisa ter o sentimento de autonomia

2º) Domínio sobre o que faz – competências desenvolvidas e a empresa tem parcial responsabilidade

3º) Propósito – fazer parte de algo maior.

4º) Evitar o sentimento de anonimidade – não me conhecem, quais são meus desafios de vida, sonhos, se tenho família, planos e expectativas.

5º) Evitar o sentimento de irrelevância – eu estando aqui ou não estando na organização não faz diferença – sentimento de ser apenas número.

6º) Ajudar o colaborador a fazer a conexão entre as métricas que ele persegue nas organizações com as suas metas pessoais.  O líder precisa ajudar o colaborador a fazer essa conexão – essa é uma gestão qualificada nas organizações.

Desafios da pandemia: Os impactos

As empresas já tiveram esse impacto de perdas de talentos por falta de treinamentos de suas lideranças. São modelos que estão sendo alterados e vão continuar a serem alterados. “As empresas estão aprendendo, as lideranças também estão aprendendo a ter resiliência organizacional.

A saúde mental hoje é prioritária para as organizações, nesses 14 meses todos estão vivendo uma pressão e uma constante adaptação a essa nova realidade implacável e ao ambiente incerto, desconhecido e ambíguo. Todos estão passando por isso, inclusive a própria liderança.

As pessoas estão presenciando mortes, perdas, afastamentos, situações críticas, e estão todos cansados, sensibilizados, sofrendo os impactos da pandemia”, observa Aldan. Por isso, a preocupação e a necessidade de se investir nas pessoas e olhar para a saúde emocional de seus profissionais.

Desafios da pandemia: Sem mudanças

Sem essa mudança, as organizações perdem a capacidade competitiva, perdem suas lideranças. A própria liderança está sentindo na pele. Pesquisas realizadas pela Kronberg – com mais de 15.000 participantes – revelam que a ansiedade é a primeira emoção que todos recordam que experimentaram nesses meses de pandemia, de CEOs, diretores, cargos gerenciais à linha de frente. A partir do momento que o vírus questionou o status quo, que colocou todos no mesmo patamar, são os mesmos riscos, sentimentos e fragilidades.

De forma geral, as empresas pararam os treinamentos no ano passado. Esse ano de 2021, a procura por projetos, especialmente, focados em saúde mental foi retomada.  Um dos setores que está investindo em treinamento emocional, em inteligência emocional, é a agroindústria. “Esse setor está investindo de forma significativa na formação profissional do lado humano e saudável, que vai além do treinamento técnico e abrange o emocional”, cita o especialista.

Antes da pandemia, era rara a preocupação com os índices de engajamento.  Muitas empresas podiam até pesquisar o índice de engajamento de seus colaboradores, mas muitas faziam muito pouco com os achados e delegavam esta tarefa de engajar as pessoas para o RH, quando, na realidade, deve ser uma preocupação de cada líder de equipes na empresa.

Desafios da pandemia: Olhar humano

Hoje, com o que todas as pessoas e organizações viveram, o olhar humano sobre essa questão se tornou essencial, é preciso conexão emocional e preparo da liderança. E, manter o engajamento à distância é muito mais desafiador.

Como não era uma preocupação esse modelo, também não havia dentro das organizações a cultura e os instrumentos para atuar na gestão emocional, na liderança adaptativa, liderança coach.

Hoje, de fato, para ser um bom gestor é preciso mais que a qualificação técnica. É preciso ter novas competências a essas existentes. É preciso ser um líder inspirador, próximo, que faça conexões emocionais, que seja flexível e saiba dar feedback. Muitas organizações já estão atentas e estão mudando seu modelo de gestão.

No passado, era suficiente fazer uma avaliação anual de performance de um profissional, mas, hoje, com feedback permanente o profissional tem a oportunidade de mudar e, consequentemente, será promovido.

É importante uma liderança contínua, fundamental não só pela velocidade da mudança, mas porque o comportamento das novas gerações requer a validação permanente do trabalho e o constante feedback é um exemplo de técnica dessa liderança preparada.

Desafios da pandemia: Sobre Carlos Aldan

Carlos Aldan é CEO do Grupo Kronberg, Master Assessor em Inteligência Emocional na Califórnia, foi Membro do Conselho Consultivo da Harvard Business Review, no EUA, e MBA pela Hull University, na Inglaterra.

Desafios da pandemia: Sobre o Grupo Kronberg

O Grupo Kronberg, desde 2002, utiliza a inteligência emocional, ciência da positividade e a neurociência do aprendizado para apoiar indivíduos e empresas com programas de desenvolvimento de inteligência emocional validados cientificamente, medindo, aumentando e sustentando os resultados das empresas, por meio de programas de desenvolvimento focado em liderança, atendimento e vendas. Entre seus clientes estão empresas como Siemens, Honda, Rede Impar de Hospitais, Ofner, Ri Happy, Agaxtur, grupo Brookfield, Vitacon, Delta Airlines e Accor Hotels.

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