Empresas Humanizadas no Brasil aponta relação entre inovação, estágio de gestão e desempenho financeiro das organizações

Empresas Humanizadas no Brasil

 

A segunda edição da pesquisa conduzida pela startup de impacto Humanizadas contou com a participação de 226 organizações e mais de 30 mil respondentes. No país, o levantamento é realizado em parceria com o Instituto Capitalismo Consciente Brasil (ICCB).

 

Está em curso, no mundo dos negócios, uma mudança de paradigma que está estreitamente atrelada à evolução do estágio de maturidade da gestão de empresas de diferentes portes e segmentos.

No século passado, boa parte das organizações eram gerenciadas e lideradas sob a ótica da produtividade, tratando os profissionais como meros “recursos humanos”; com essa conduta, o objetivo era extrair o máximo possível desses insumos, não importando as consequências.

No século XXI, a partir do momento em que as dez organizações mais valiosas do globo possuem modelos de negócio baseados em plataformas de serviços, o diferencial competitivo de desloca dos recursos físicos para aqueles associados a questões intangíveis como o capital humano, social, intelectual e cultural das organizações.

Empresas Humanizadas no Brasil: A conclusão

Essa conclusão tem o amparo em números consistentes levantados pela pesquisa Empresas Humanizadas Brasil, que confirma que as companhias com gestões mais conscientes geram maior retorno para os acionistas e todos os outros públicos interessados no sucesso dos negócios.

O mapeamento será lançado em evento online para convidados, em 25 de março, em parceria com o Instituto Capitalismo Consciente Brasil.

A segunda edição da pesquisa Empresas Humanizadas Brasil contou com respostas de 36.868 pessoas de 226 companhias.

“Ao ouvirmos todas as partes interessadas no sucesso de uma organização – clientes, colaboradores, parceiros, investidores e sociedade –, podemos observar que as organizações com as melhores performances neste momento, seja ela financeira, cultural, social, ambiental ou em aspectos relacionados à governança –, tendem a operar sob uma lógica de paradigmas mais evoluídos, no caso do Verde e Teal.

Em contrapartida, podemos dizer que a média do mercado tende a adotar os paradigmas do Âmbar e Laranja (ver tabela, abaixo, com as correspondências). Ou seja, as organizações que se destacam seguem paradigmas emergentes do século XXI, adotam estruturas mais flexíveis, adaptáveis e ágeis.

Em contrapartida, por exemplo, as organizações que não performam tão bem têm estruturas mais rígidas e hierárquicas, e consequentemente não conseguem se adaptar tão rapidamente a um ambiente em constante mudança e aumento de complexidade”, analisa Pedro Paro, fundador e CEO da startup Humanizadas, responsável pela pesquisa.

 

Segundo Paro, as empresas com gestões mais alinhadas a práticas conscientes, conseguem inovar mais por estarem mais atentas às necessidades dos seus clientes, sociedade e planeta. “Quanto mais uma empresa conseguir desenvolver um modelo de negócios inovador e capaz de solucionar os grandes problemas da sociedade e do planeta, mais ela poderá crescer de maneira exponencial”, afirma Paro.

 

Empresas Humanizadas no Brasil: Performance superior

Quando comparadas às grandes empresas com as melhores performances na pesquisa Empresas Humanizadas Brasil, a análise aponta que elas possuem uma rentabilidade financeira (ROE) acumulada, equivalente a 3,5 vezes superior à média das 500 maiores empresas do país – em um período de 20 anos (2000 a 2019).

O aumento médio do Rating de Consciência (ver, abaixo, a definição e metodologia) também tem correlação com melhores performances ESG.

“Quando uma organização passa do nível C para o B ou, então, do B para o A, em média, isso significa maior percepção de ética e transparência (20%); maior cuidado e bem-estar com as pessoas (23%), além de uma maior percepção de cuidado e atenção com as questões ambientais (17%)”, afirma Paro.

O gráfico abaixo, mostra que existe uma correlação positiva entre o aumento de consciência mensurado por meio dos ratings da Humanizadas e a performance ESG das organizações – seja em termos de governança, valor gerado para a sociedade ou para o meio ambiente.

Empresas Humanizadas no Brasil: Correlação entre Ratings de Consciência e Performance ESG  

No gráfico abaixo – que analisa a estrutura organizacional –, um dos temas avaliados na pesquisa Empresas Humanizadas, revela que as companhias com melhor performance operam, na maior parte do tempo, com estruturas organizacionais dentro dos paradigmas Verde e Teal; enquanto, as outras empresas, comparativamente, tendem a adotar os paradigmas Âmbar e Laranja.

Empresas Humanizadas no Brasil: Cases

De acordo com a Humanizadas, a ClearSale – empresa brasileira que analisa transações de compra em mais de 150 países; fundada pelo ex-atleta olímpico Pedro Chiamulera – é um ótimo exemplo de organização que consegue equilibrar tecnologias avançadas e inteligência humana para gerar credibilidade no mercado.

“Eles entendem que, antes de gerar confiança no mercado, precisam criar um ambiente de acolhimento e confiança internamente. Isso significa entender e dar autonomia para as pessoas e, ao mesmo tempo, direcionar e trazer segurança. Existem várias práticas de destaque internamente, as quais não necessariamente demandam grandes investimentos.

Ciclo da Acolhida, por exemplo, oferece ao colaborador a oportunidade de conhecer os diretores da empresa; o Roda e Registro, que aproxima e promove o diálogo constante entre as pessoas. Essa prática acontece de maneira recorrente e planejada.

Outro exemplo é a UAH Conversa, que favorece ambientes de diálogo entre pessoas com a intenção de fortalecer o senso de pertencimento à cultura da organização”, detalha Pedro Paro.

Um outro exemplo é a startup SouSmile, que vem crescendo bastante pautada no objetivo de atender a população com serviços dentários a um custo acessível. Eles desenvolveram um aparelho dentário invisível que substitui o modelo fixo e realizam todo o planejamento do tratamento dentário por meio de software.

“Existe uma série de exemplos na pesquisa Empresas Humanizadas Brasil, mostrando que as organizações podem se beneficiar de oportunidades de mercado ao buscarem atender às demandas da sociedade e do planeta. Na verdade, quanto mais uma empresa conseguir resolver os problemas do mundo, maior o potencial de crescimento exponencial”, afirma Paro.

Empresas Humanizadas no Brasil: A Reserva

Reserva também é um desses exemplos. A empresa do segmento de varejo e moda masculina vem crescendo ano após ano. “A Reserva busca fugir do padrão do mercado brasileiro com foco em criar não uma experiência de compra, mas sim histórias e experiências verdadeiras tratando os seus consumidores como um amigo.

Por exemplo, eles criaram a prática “movendo o céu e a terra pelo cliente”, no qual qualquer vendedor tem total liberdade na estrutura organizacional para criar uma experiência nova com os seus clientes”, afirma Paro, acrescentando que há uma história de um estrangeiro que entrou em uma loja da Reserva em Ipanema.

Ele comentou com a vendedora que havia adorado o chopp brasileiro e entrou no trocador para experimentar umas roupas. Ao sair, encontrou um garçom com um chopp nas mãos. A vendedora pediu um chopp para criar uma experiência diferenciada; ao sair da loja, o cliente fez a mesma coisa, pediu para o garçom levar chopp para toda a equipe.

Existem várias outras histórias como essa, desde enviar um kit enxaqueca para a casa do cliente que estava com enxaqueca, até trocar sandálias por itens mais caros sem cobrar nada em troca com a justificativa: “se você está contente, nós também ficamos”.

Além de tudo isso, a Reserva tem 95% da sua matéria prima de origem local, uma forma de estimular a economia brasileira. Eles também possuem o Programa “1P5P”, no qual para cada uma peça de roupa vendida, doam cinco pratos de comida para quem precisa – e já doaram mais de 47 milhões de pratos de comida.

Empresas Humanizadas no Brasil: Metodologia e modelos acadêmicos adotados 

A evolução dos modelos de gestão

Na literatura, existe uma série de autores que estudam e acompanham a evolução dos modelos de gestão, um deles é o Frederic Laloux, autor do livro “Reinventando as Organizações”.

O quadro abaixo representa cinco estágios evolutivos, os quais acontecem podem ocorrer em diferentes intensidades e concomitantemente em uma única organização.

A Humanizadas, uma startup de impacto que coloca inteligência de dados a serviço de lideranças e organizações, consegue mensurar e monitorar a evolução de uma organização dentro desses estágios de desenvolvimento.

 

Estágio 1

Vermelho

Estágio 2

Âmbar

Estágio 3

Laranja

Estágio 4

Verde

Estágio 5

Teal

Período Origem
há 10.000anos atrás
Origem
há 1.000
anos atrás
Origem
há 100anos atrás
Início a

partir de 1960

Emergente (Séc. XXI)
Arquétipo Gangues de

rua e máfia

Organizações religiosas, militares e governamentais Multinacionais Associações,
ONGs e empr. social
Plataformas digitais e negócios mais conscientes
Valores Poder pela força, dominação, lealdade e medo Ética, estabilidade, processos rigorosos, comando e controle. Eficiência, produtividade, meritocracia e atingimento de metas. Igualdade, pertencimento, harmonia, justiça e consenso. Confiança, liberdade, autonomia e diversidade.
Descobertas Autoridade e divisão de tarefas Escalabilidade por meio de processos repetitivos Inovação e gestão por objetivos Cultura e sustentabilidade Autogestão, gestão ágil e propósito
Limitações Foco no curto prazo com dificuldade para operar em larga escala Estruturas muito rígidas e não adaptáveis a ambientes

em constante mudança

Foco em questões materiais e
que não endereçam necessidades coletivas
Dificuldade para lidar com a lacuna entre valores (igualdade) e
a realidade (hierarquia)
A serem descobertas
Metáfora Gangue Exército Máquina Família

Organismo vivo

Empresas Humanizadas no Brasil: Ratings de Consciência

 

Norteadores da pesquisa Empresas Humanizadas do Brasil, os Ratings de Consciência são uma acreditação que a Humanizadas confere às organizações; revisados e atualizados anualmente, eles demonstram a coerência entre o discurso e a prática, refletem a percepção de múltiplos stakeholders sobre a qualidade de gestão e das relações que uma organização nutre com os diferentes grupos interessados no sucesso da empresa – lideranças, colaboradores, clientes, parceiros e sociedade.

rating conta com 11 níveis (AAA, AA, A, BBB, BB, B, CCC, CC, C, D e E), sendo o primeiro (AAA), o mais desenvolvido e o último (E), o menos desenvolvido.

A classificação dos Ratings de Consciência foi inspirada em renomadas agências de crédito como S&P, Moody’s e Fitch, entretanto, em vez de avaliar o risco do crédito para um país ou uma organização (Ratings de Crédito), os Ratings de Consciência Humanizadas analisam o potencial de um país ou uma organização em gerar valor de maneira consistente para todos os stakeholders.

O somatório das percepções dos stakeholders permite, também, avaliar como o macroambiente de negócios é favorável e coerente para o florescimento de negócios de impacto.

Empresas Humanizadas no Brasil: As organizações

Os Ratings de Consciência servem a diferentes atores de uma organização: podem ser utilizados por investidores (no suporte na tomada de decisão antes de realizar um investimento, tomando-o como direcionador de oportunidades e mensuração das melhorias de gestão realizadas); fundos de investimento (essas informações podem ser utilizadas para compor carteiras de investimento); colaboradores (os dados trazem transparência e credibilidade da qualidade da gestão, podendo ser aplicados na avaliação da empresa no processo seletivo); governança e gestão (identificam oportunidades de melhoria no modelo do negócio e gestão, demonstram resultados intangíveis e permitem aumentar o valor do negócio e da marca); parceiros de negócios (fornecedores e demais parceiros podem utilizar para identificar e monitorar o nível de qualidade das organizações com as quais se relacionam); clientes e consumidores (trazem credibilidade e transparência da qualidade do modelo do negócio e da gestão, auxiliando na tomada de decisão); e sociedade, governo e outras instituições (trazem transparência e credibilidade acerca da gestão, além de elevar a percepção de valor da sociedade).

No Brasil, não houve empresas com os índices AAA e AA (maturidade de gestão mais elevada, relações extremamente positivas e alta percepção de valor gerado para lideranças, colaboradores, clientes, parceiros, sociedade e planeta), fato que reforça o quanto ainda podemos evoluir como organizações, ambiente de negócios e sociedade.

Nos índices A e BBB (maturidade de gestão alta, relações positivas e alta percepção de valor gerado para lideranças, colaboradores, clientes, parceiros e sociedade), 12 e 52 empresas, respectivamente, atingiram a marca; BB e B (maturidade de gestão acima da média nacional, relações saudáveis e ótima percepção de valor gerado para lideranças, colaboradores, clientes, parceiros e sociedade em geral), respectivamente, 86 e 54 empresas; CCC e CC (maturidade de gestão na média nacional, relações com problemas pontuais afetando a percepção de valor gerado para lideranças, colaboradores, clientes, parceiros e sociedade), respectivamente, 14 e 6 empresas.

Empresas Humanizadas no Brasil: A metodologia

A metodologia dos Ratings de Consciência faz parte de um projeto de doutorado na Universidade de São Paulo. Um dos pilares da pesquisa é a análise dos Princípios de Gestão, conectados com a metodologia do professor Raj Sisodia, fundador do Capitalismo Consciente.

▪        Propósito Maior: expressa o significado e a intenção genuína que as pessoas atribuem ao próprio papel, às relações e à visão de futuro do negócio.

▪        Estratégia de Valor Compartilhado: representa como a organização busca colocar seu propósito em prática, gerando valor para seus múltiplos stakeholders.

▪        Cultura Consciente: reflete o modelo mental, os comportamentos e o design organizacional utilizado para transformar a estratégia em resultados.

▪        Adaptabilidade Evolutiva: representa a capacidade da organização de aprender, inovar e desenvolver novas iniciativas de mudança.

▪        Liderança Consciente: expressa a atitude diária das lideranças para formar a cultura desejada que irá gerar valor compartilhado para os stakeholders.

Empresas Humanizadas no Brasil: Metodologia

A pesquisa Empresas Humanizadas do Brasil foi inspirada no estudo Firms of Endearment, conduzido nos Estados Unidos por Raj Sisodia – professor do Babson College e um dos líderes do movimento global Capitalismo Consciente. Sisodia é mentor desse levantamento nacional inédito realizado em parceria com o Grupo de Gestão de Mudanças da Universidade de São Paulo (EESC/USP).

A primeira edição teve início em 2017, sendo os resultados divulgados em 2019, com o intuito revelar cases inspiradores de empresas que existem como um contraponto aos casos de corrupção denunciados pela Operação Lava Jato.

Em sua segunda edição, a Empresas Humanizadas do Brasil tem como start o questionamento sobre qual é o papel das organizações, hoje, para garantir o futuro das próximas gerações.

No cerne da metodologia está o Rating de Consciência Humanizada –uma acreditação de boas práticas –, desenvolvido a partir de sólida base científica para despertar mudanças sociais. A mensuração do Rating de Consciência ocorre por meio da aplicação do instrumento Conscious Business Assessment (CBA), de autoria da Humanizadas.

Empresas Humanizadas no Brasil: Identificação da evolução

A base do instrumento é a identificação da evolução da consciência das organizações – índice medido pelo Rating de Consciência e que está relacionado à maior percepção de impacto da organização no ecossistema no qual atua, envolvendo a capacidade de nutrir relações de qualidade, gerar valor e impacto duradouros.

Para isso, a metodologia segue princípios do Capitalismo Consciente e tem fundamentação em estudos sobre modelos de engajamento, níveis de consciência, desenvolvimento humano e organizacional, perfis psicológicos, estratégia de valor compartilhado e cultura organizacional.

As diferentes abordagens integradas no mesmo instrumento de medição de resultados formam um modelo robusto para avaliar e monitorar sistemas complexos. As quatro dimensões de avaliação dos Ratings são: Engajamento dosStakeholders com a organização (experiências de passado, satisfação presente e perspectiva de futuro); Princípios de Gestão (propósito maior, estratégia de valor compartilhado, cultura e liderança consciente, e adaptabilidade evolutiva); Valores Organizacionais (cultura atual e desejada sob diferentes perspectivas); e Narrativas Organizacionais (internas e externas, contemplando as notícias de mídia sobre a organização nos últimos cinco anos).

No Brasil, a pesquisa é liderada pelo Pedro Paro, CEO e fundador da Humanizadas e pesquisador de doutorado do Grupo de Gestão de Mudanças da Universidade de São Paulo, sob mentoria do professor Raj Sisodia (Babson College) e orientação do professor Mateus Gerolamo (EESC/USP). A pesquisa é realizada em parceria com o Instituto Capitalismo Consciente Brasil (ICCB).

Empresas Humanizadas no Brasil: Sobre a Humanizadas

Startup de Ciência e Tecnologia, com expertise no desenvolvimento de ciência de dados, a Humanizadas é uma spin-off de um grupo de pesquisa da Universidade de São Paulo (USP).

Fundada em 2020 e liderada por Pedro Paro, CEO e fundador, a empresa produz algoritmos e inteligência de dados para apoiar lideranças e organizações na missão de tomar as melhores decisões a partir de escolhas estratégicas mediadas pela perspectiva de stakeholders: lideranças, colaboradores, clientes, parceiros, investidores e sociedade. O negócio de impacto social teve origem nos estudos conduzidos, nos Estados Unidos, por Raj Sisodia, professor da Babson College – responsável pela pesquisa associada ao movimento global do Capitalismo Consciente.

No país, a iniciativa inspirou a pesquisa Empresas Humanizadas do Brasil, realizada em parceria com o ICCB e o grupo Gestão de Mudanças da Universidade de São Paulo (USP).

Hoje, um dos principais produtos da Humanizadas é o Conscious Business Assessment (CBA), que mede a qualidade de gestão e das relações que uma organização nutre com os seus diferentes públicos; instrumento da pesquisa Empresas Humanizadas do Brasil, os insumos têm sido utilizados para dar suporte a projetos de transformação social de empresas de diferentes portes.

Com profissionais que atuam com um modelo de autogestão ágil, a startup monitora mais de 10 mil organizações em países como Brasil, Estados Unidos, México e Espanha; em 2020, o time avaliou 226 organizações em operação no país, ouvindo 36.868 stakeholders.

Os livros Empresas Humanizadas (Raj Sisodia, Jag Sheth e David Wolfe) e Empreendedorismo Consciente (Rodrigo Caetano e Pedro Paro) trazem a história do Capitalismo Consciente, da pesquisa e da startup.

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