Professor Jeremy Petranka, da Fuqua School of Business da Duke University, usou exemplos históricos de políticas governamentais norte-americanas para mostrar que as empresas podem estar excluindo automaticamente candidatos negros muito antes de receber os currículos.
“Quando pensamos em racismo, imaginamos ideias racistas, nas quais geralmente se concentram os treinamentos antipreconceito promovidos pelas empresas”, avalia Petranka. “No entanto, são as políticas estruturais que temos em vigor, muitas vezes difíceis de se identificar, que podem levar a essas disparidades raciais mais persistentes e visíveis”, completa.
Práticas de contratação: Políticas estruturais
Mesmo com a iniciativa, muitos empréstimos eram negados. O fator principal não era o histórico de crédito, riqueza ou status de emprego de uma pessoa, mas sua cor, o que levou a menos empréstimos para proprietários negros.
Práticas de contratação: A tendência
Petranka concluiu, por meio dessa análise, que os processos de contratação e retenção de profissionais podem seguir essa mesma lógica, muitas vezes de maneira involuntária. Um contexto que se repete na realidade brasileira.
Por exemplo, por conta do alto preço dos imóveis e alugueis, muitas pessoas – a maioria negra – acaba vivendo em regiões periféricas. Se uma empresa localizada no centro de uma cidade abrir um processo seletivo, mesmo priorizando a inclusão racial, mas priorizar candidatos que morem próximos ou que tenham condições de se deslocar de carro, estará automaticamente excluindo da seleção pessoas negras que residam em regiões distantes e não possuam automóvel.
Práticas de contratação: Outro exemplo
O reflexo social dessas questões vai além de fatores relativos a moradias e formação universitária, incluindo até mesmo o perfil psicológico. Um candidato que passou por dificuldades na juventude pode ter perfil introvertido, enquanto os recrutadores buscam pessoas extrovertidas.
Práticas de contratação: Os fatores
“Os empregadores devem reconhecer como a profundidade dessas disparidades afetam suas práticas de contratação”, afirma. “Você tem que saber como é o seu caminho de recrutamento e promoção. Você precisa olhar para cada estágio e lembrar que pode medir as disparidades raciais à medida que elas acontecem, porque se você puder reduzi-las, começará a transformar sua empresa. E é isso que estamos procurando fazer”, conclui.
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