Empresas investem na conscientização para acelerar o aumento da participação feminina na liderança

WILL analisou informações

WILL analisou informações para identificar as melhores práticas relacionadas ao tema da equidade de gêneros e liderança feminina no país.

Nos últimos anos temos observado um crescente interesse da sociedade por temas ligados à equidade de gêneros e promoção da liderança feminina no ambiente corporativo, considerado um meio ainda dominado por homens e pouco adaptado à realidade das mulheres brasileiras, que enfrentam uma série de dificuldades para se inserir e ascender no mercado de trabalho. Diante desse cenário, equidade de gênero foi a pauta de diversidade destacada como a mais trabalhada por 98% das companhias que participaram da 5ª edição da pesquisa “Mulheres na Liderança”.

A iniciativa da WILL — Women in Leadership in Latin America, organização sem fins lucrativos que atua para a ascensão das mulheres no ambiente corporativo – em parceria com Valor Econômico, O Globo, Época Negócios, Marie Claire e Pequenas Empresas & Grandes Negócios e com o apoio metodológico do Instituto Ipsos, analisou informações compartilhadas pelas empresas participantes para trazer um retrato da situação e identificar as melhores práticas relacionadas ao tema da equidade de gêneros e liderança feminina no país.

O resultado do mapeamento, que contou com a participação de 207 médias e grandes empresas, sendo 47% multinacionais e 53% nacionais, confirma a tendência apontada em anos anteriores e mostra que 66% delas já contam com políticas formais para a promoção da equidade de gênero e diversidade e inclusão, com metas claras e ações planejadas. Em constante evolução, o índice apresenta crescimento desde 2019, quando era de 41%; passou para 53%, em 2020; 58% em 2021; e aumentou oito pontos percentuais, desde a última edição para alcançar o patamar atual.

A pesquisa mostra ainda que 76% das empresas possuem áreas especificas, com orçamento próprio, para garantir a implementação de ações voltadas para a promoção da diversidade. Segundo a presidente da WILL, Silvia Fazio, isso reflete a preocupação das companhias em promover a mudança de forma estruturada e sustentável.

“Quando iniciamos a pesquisa, em 2019, menos da metade das participantes tinha uma área para diversidade e inclusão e agora, cinco anos depois, mais de três quartos delas contam com uma área específica e apartada do RH, reportando direto ao CEO. Isso demonstra um progresso muito grande, do ponto de vista estrutural, sobre como as empresas têm olhado com seriedade para a diversidade e como, apesar de ainda existir uma série de dificuldades nas ações, estão se organizando melhor em suas estruturas”, afirma.

A conscientização vem ganhando foco como uma das ferramentas mais utilizadas para a diminuição dos gaps entre homens e mulheres nas corporações: 88% das participantes declararam investir em iniciativas para sensibilização dos colaboradores; enquanto 61% apostam na capacitação dos responsáveis pela promoção em temas ligados à equidade de gêneros; e 48% oferecem treinamento sobre vieses inconscientes e preconceitos de gênero para as lideranças.

Engajar os membros do topo hierárquico nas ações vem sendo outra prática bastante recorrida. A equidade de gêneros está na agenda prioritária de 64% dos CEOs e incluída entre os KPIs analisados na avaliação de desempenho de executivos para 45% dos respondentes, índice que foi de 36% na edição anterior. “Há um avanço aqui, principalmente em relação a atrelar o aumento da equidade à performance da liderança, mas ainda estamos longe do ideal. Sabemos que o exemplo da liderança contribui muito para moldar a cultura, trazendo o tema para a agenda e dia a dia de cada membro da organização”, explica Silvia.

No que diz respeito às políticas de gênero relacionadas à seleção de pessoas, 85% das empresas têm a preocupação de monitorar a proporção de homens e mulheres contratados, revelando um crescimento de 10 pontos percentuais em relação ao índice levantado em 2021. E 70% delas, prioriza a transparência em relação aos critérios de seleção. Apesar disso, apenas 4 de cada 10 participantes contam com percentual mínimo de contratação de mulheres ou metas claras de paridade de gênero.

WILL analisou informações: interseccionalidades no radar

Em relação às interseccionalidades, é notável o destaque que o tema tem conquistado e sua evolução nos últimos anos, com expressivo aumento de corporações aderindo a práticas dentro deste eixo. Ainda assim, este é o primeiro ano em que se observa um patamar superior a 50% das empresas cumprindo algum tipo de prática neste sentido.

Ações voltadas para mulheres pretas ou pardas foram as que mais cresceram em 2022, sendo identificadas em 57% das respondentes; sendo seguidas por iniciativas para mulheres LGBTQIA+, com 47%; e ações com foco em mulheres PCD, presentes em 46% das empresas.

“Neste eixo, as práticas ainda são bastante baseadas em ferramentas de denúncia, comunicação de valores de não-discriminação e ações com foco na sensibilização, como treinamentos, eventos e palestras”, aponta Silvia.

De forma geral, nota-se que as empresas estão abertas ao debate e muito mais conscientes da relevância social da equidade de gêneros e sobre como o tema pode impactar os resultados de seus negócios. Ainda que muitas áreas já tenham avançado, ainda existem muitos pontos de atenção que precisam contar com a dedicação e o olhar atento da liderança executiva para evoluir.

“Desde o início da pesquisa, em 2019, observamos que, cada vez mais, questões ligadas à equidade de gênero tornam-se pautas prioritárias para a maioria das empresas que atuam no país. É notório que as companhias que se comprometem há mais tempo com pautas ligadas à diversidade e inclusão — participantes de outras edições do estudo — têm apresentado evolução consistente”, conclui Silvia, reforçando o convite para que outras empresas participem das próximas edições da pesquisa.

Empresas que se destacaram na 5ª edição da pesquisa ‘Mulheres na Liderança’

A consultoria EY foi a empresa que conquistou as melhores colocações na edição deste ano da relação que apresenta as companhias com melhores práticas para promover a ascensão feminina. A edição deste ano reconheceu 27 empresas em 36 categorias, compostas por: 25 segmentos de atividade, 6 eixos temáticos, o destaque entre as empresas multinacionais, o destaque entre as empresas nacionais, o destaque para promoção de mulheres negras, o destaque para mulheres em conselhos de administração e o destaque geral da pesquisa. Abaixo, confira as empresas que se destacaram na pesquisa:

Mulheres na Liderança – As melhores práticas para promover a ascensão feminina

 

Categoria Empresa
Destaque Geral EY Brasil
Nacional Lojas Renner
Multinacional EY Brasil
Agronegócio Cargill Agrícola
Alimentos Unilever
Automotivo General Motors
Bancos Bradesco
Bebidas Diageo
Consultoria EY Brasil
Cosméticos e Higiene Pessoal

Educação

Avon

Afya

Energia Elétrica EDP — Energias do Brasil
Indústria da Construção CSN Cimentos Brasil
Indústrias Reckitt Benckiser
Jurídico Trench Rossi Watanabe
Life Sciences/Farmacêutico Bristol Myers Squibb
Life Sciences/Serviços do setor de saúde Sabin Medicina Diagnóstica
Metalurgia, Siderurgia e Mineração Gerdau / Gerdau Aços Longos
Petróleo e Gás Shell
Química e Petroquímica White Martins
Seguros, Previdência e Capitalização BNP Paribas Cardif
Serviços Sodexo On-Site
Serviços Financeiros Mastercard
Tecnologia da Informação IBM
Telecomunicações Telefônica (Vivo)
Transporte e Logística – Infraestrutura Arteris
Transporte e Logística – Serviços Localiza
Varejo Lojas Renner
Estratégia e Estrutura EY Brasil
Recrutamento, Seleção e Retenção Avon
Qualificação e Incentivo à Liderança Feminina EY Brasil
Equilíbrio entre Trabalho e Vida Pessoal EY Brasil
Mulheres e Interseccionalidade EY Brasil
Atuação Externa EY Brasil
Promoção de Mulheres Pretas e Pardas Nestlé
Mulheres no Conselho de Administração Cogna Educação

Fonte: 5º Edição da Pesquisa Mulheres na Liderança, que avaliou 207 empresas

Sobre a WILL

Women in Leadership in Latin America – é uma organização internacional sem fins lucrativos, com sede em São Paulo e conselhos consultivos em Nova Iorque, Miami, Washington, Bogotá e Londres. O objetivo da organização é apoiar e promover o desenvolvimento de carreira das mulheres na América Latina, reconhecendo suas habilidades e competências, além de estimular as empresas sediadas na América Latina a implementarem programas relacionados com as mulheres e negócios, promovendo o intercâmbio das melhores práticas entre as organizações nacionais e internacionais.

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