Emprego verde impacta o mercado: 15 milhões de novas vagas com esse foco, devem abrir até 2030, diz Organização Mundial do Trabalho.
A sociedade atual está mais consciente sobre o seu papel e responsabilidade com o meio ambiente, atentando-se às exigências e normas impostas pelas legislações vigentes. Empresas e indústrias têm apresentado alternativas de redução e destinação adequada de seus resíduos, a racionalização do consumo de recursos naturais e uma produção mais equilibrada e limpa, com foco na agenda ESG (ambiental, social e governança).
Nos últimos anos, questões relacionadas à sustentabilidade tem ganhado força, com o intuito de conscientizar a população e possibilitar o aparecimento de profissões que contribuem e proporcionam condições para a preservação do meio ambiente. O termo “emprego verde” foi criado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) e pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), em 2009. Física, química e engenharia possuem maior demanda nesse mercado.
Hoje, o Brasil corresponde a 10% de todos os empregos verdes no mundo, ocupando a segunda colocação entre os maiores empregadores da indústria de biocombustíveis, solar, hidrelétrica e eólica. Perdendo apenas para a China, que tem 42% dos 12.7 milhões de postos de trabalho do planeta, segundo dados da Agência Internacional de Energia Renovável (Irena), compilados pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).
No setor eólico, por exemplo, a energia offshore (em alto-mar) nem começou a ser explorada ainda, mas tem potencial de 700 mil MW no País. Cada MW de energia offshore gera 17 postos de trabalho ao longo de 25 anos de vida útil de um projeto. Na eólica convencional, em terra, esse número é um pouco menor: 11,7 empregos por MW instalado.
Segundo o presidente da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), Rodrigo Sauaia, 60% dos empregos do setor vêm da instalação de sistemas – empregos de nível técnico, com renda média de dois salários mínimos e carteira assinada. Outros 40% vêm da fabricação de componentes, projetos, engenharia, administração, comercial, vendas e marketing.
Apesar de as novas fontes serem as que mais acrescentam postos de trabalho hoje em dia, em termos consolidados são os biocombustíveis e as hidrelétricas que empregam mais no Brasil, segundo a Irena. De 1,27 milhão de empregos verdes, 68% vêm da indústria de combustíveis sustentáveis e 14%, das usinas hídricas – duas áreas tradicionais no setor energético desde os anos 60 e 70.
Outra pesquisa divulgada pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), órgão da ONU, revelou que, até 2030, o mercado de trabalho deve abrir 15 milhões de novas vagas com esse foco. Isso só na América Latina. Segundo o programa de Estudos do Futuro, da Fundação do Instituto de Administração (FIA), os empregos verdes considerados promissores são: engenheiros, advogados ambientais, agrônomos, ecologistas, biólogos, entre outros.
Emprego verde impacta o mercado: levantamento
Segundo levantamento de uma das maiores plataformas de recrutamento e seleção do país, Empregos.com.br, dentre os cargos apresentados, agrônomo é o que mais possui oportunidades, com 46 vagas abertas, seguido por engenheiro agrônomo (34), biólogo (31), engenheiro ambiental (26) e advogado ambientalista (3).
É o caso do Fernando Silva, engenheiro químico que criou a PWTech, uma premiada startup que atua em parceria com órgãos governamentais em iniciativas que provêm água potável em regiões que convivem com a escassez do recurso natural. “Percebemos a real demanda no mercado de uma tecnologia que fosse de baixo custo, portátil e eficaz o suficiente para filtrar uma grande quantidade de água contaminada por dia”, conta o empreendedor.
Foi então que desenvolveram o PW5660, um equipamento validado pelo corpo técnico da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) capaz de despoluir quase 6.000 litros de água em 24h. “Hoje, o sistema é utilizado em missões humanitárias, como aconteceu recentemente na Ucrânia, Madagascar e no Haiti, bem como em projetos sociais que tem como foco levar água potável para comunidades carentes no Brasil, como é o caso do Projeto Nascente, na Ilha do Bororé”, compartilha Fernando Silva.
Quatro anos após o nascimento da empresa, a PWTech acumula premiações de inovação e já alcançou um crescimento considerável. Hoje a equipe é composta por 14 colaboradores sendo 06 engenheiros e 06 técnicos, todos capacitados para solucionar problemas hídricos nos mais diferentes segmentos. E prevê ainda, um crescimento de 20% nos próximos anos.
Sobre a PWTECH
Fundada em 2019, a PWTech é uma startup brasileira voltada para a purificação de água contaminada. A solução foi desenvolvida em parceria com a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e a Escola Politécnica da USP, e funciona de forma simples: basta conectar o equipamento na água e ligá-lo que, em poucos minutos, a água já sai pronta para ser consumida.
O sistema de tratamento de água esteve presente em crises humanitárias como a Guerra da Ucrânia e nos desastres naturais no Haiti, Tonga e Madagascar. No Brasil, a startup desenvolveu projetos de saneamento básico no Nordeste e na Ilha de Bororé, em São Paulo. Ao todo, 260 mil pessoas tiveram acesso à água potável graças à solução.
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