DEIP é uma pauta urgente: as ações devem ser perenes e não pontuais, e deve se estender às prestadoras de serviços e fornecedoras.
Consolidado no Brasil em 1924, o Dia do Trabalho é marcado por lutas que se renovaram e ganharam novos sentidos em quase um século de existência. Nesta data, diversas reflexões precisam acontecer para que a sociedade encontre um mercado de trabalho mais justo. E as ações de Diversidade, Equidade, Inclusão e Pertencimento (DEIP) – em toda a cadeia de valor – é uma das pautas urgentes e que não podem esperar.
Ao longo da história, e em especial na última década, as modalidades profissionais têm sofrido grandes transformações. Crises econômicas, pandemia e trabalho remoto levaram a maioria das relações empregatícias a outro cenário. Ao mesmo tempo, cresceu a relevância das práticas ESG, que têm inspirado mudanças drásticas nas empresas. Neste ponto, vale a pergunta: como está inserida dentro das organizações a pessoa trabalhadora que representa os grupos minorizados, já que estão diretamente relacionadas a esta sigla tão importante?
“Quando nos referimos às pessoas trabalhadoras não estamos falando apenas daquelas contratadas pelas empresas, dentro do quadro interno da organização. Toda a cadeia de valor, que engloba pessoas fornecedoras ou prestadoras de serviço (freelancers), deve ser tratada com a mesma atenção”, explica Keyllen Nieto, fundadora da Integra Diversidade. É fundamental implementar ações de DEIP em toda e qualquer relação profissional existente, para garantir que os direitos sejam assegurados a todos. “Sem isso, não dá para dizer que a empresa é diversa e inclusiva”, completa.
O tratamento às pessoas e empresas freelancers ou serviços terceirizados precisa ser pensado. As contratações PJ (Pessoa Jurídica) e o trabalho remoto têm sido vistos como um “passe livre” para ignorar a dignidade humana. Isso vale para remuneração adequada, contratações que respeitam a lei, manutenção de horários corretos, mas também para políticas de compras inclusivas, por exemplo.
“É muito comum que empresas tenham uma preocupação com DEIP para seu público interno, mas não tenham o mesmo cuidado externamente. Um bom exemplo é a política de compras que, muitas vezes, não contempla pessoas e empresas menores e de grupo sub-representados. Aqui, como exemplo, podemos citar a prática de atribuir prazos de pagamento de 60 a 90 dias após entrega de serviço realizado, que não considera, em si, a equidade ou a inclusão”, completa Keyllen.
Em estudo realizado nos Estados Unidos, pela Association Of National Advertises, ficou claro que as empresas estão preocupadas em realizar ações de diversidade, equidade e inclusão, mas que isso não se reflete nos investimentos realizados. A pesquisa, que ouviu pessoas que representam diferentes grupos, mostrou um aumento de 56% no interesse pelo tema, enquanto apenas 38% dos entrevistados notaram um aumento real nas contratações que contemplam perfis diversos.
“É muito preocupante perceber que teoria e prática, intenção e ação, não estão alinhadas, e não é só nos EUA, mas também no Brasil. Isso causa uma falha enorme nos resultados, se é que podemos chamar assim”, diz Keyllen. Depois dos escândalos que presenciamos no país, é natural que haja um holofote nas pessoas fornecedoras ou prestadoras de serviço diversas. “É preciso criar iniciativas e políticas públicas e privadas que levem à resolução dos problemas, e não a soluções pontuais. Quando o tema sair das manchetes, o assunto deve continuar sendo discutido e aprimorado em todos os setores. É, inclusive, uma questão legal que pode gerar consequências sérias para as empresas”, diz.
DEIP é ESG no 1º de maio
O Dia do Trabalho também é um momento importante para refletir sobre as responsabilidades que as empresas têm com a sua cadeia de valor. Crises econômicas acontecem e exigem resiliência e criatividade, que muitas vezes levam aos “parceiros”, para suprir demandas e reduzir custos. Mas isso não pode significar prejudicar um em favor do outro.
Além disso, é importante levar em consideração que as três letras da sigla ESG andam juntas e que é impossível que companhias realizem ações efetivas se estiverem preocupadas apenas com um dos pilares. Em algum momento, o ambiental se encontra com o social, que está grudado na governança – e assim por diante.
Falando mais de S e G, por exemplo, não basta contratar perfis diversos. É necessário garantir que isso ocorra em toda a cadeia, inclusive na externa, criando condições iguais para todos. “É indispensável levar essa visão para a relação com freelancers e terceirizados. E, mais do que isso, em ações perenes. Os projetos devem estar na rotina, muito além da busca por cumprir metas. Como isso ainda não acontece, existe no mercado de trabalho um verdadeiro “disfarce” ou seja, resultados inverídicos”, acrescenta Keyllen.
Se uma pessoa ou empresa prestadora de serviço não cumpre políticas de ESG, não apresenta ações de DEIP eficientes, adota comportamentos excludentes e perpetua preconceitos no ambiente profissional, por que a sua companhia deve considerar fazer negócios e compactuar com tudo isso?
DEIP é uma pauta urgente: positivo para a sociedade e imagem das organizações
Além dos aspectos éticos, é importante lembrar que na esfera legal empresas podem responder judicialmente por ações ilícitas ou antiéticas com a rede externa de pessoas colaboradoras. E mesmo sem o vínculo empregatício, situações como essa tendem a causar tanto dano à imagem da organização contratante, como à terceirizada.
As empresas que praticarem a diversidade em todas as relações de suas contratação vão colher os frutos. Conhecer bem com quem se faz negócio é garantir que não haja situações que afetam publicamente a imagem da organização (e, claro, juridicamente).
“Tudo isso nos leva à conclusão de que investir em DEIP traz consequências positivas para a sociedade, em sua participação, para as empresas, que agregam valores e ampliam percepções, e para pessoas consumidoras e clientes, que, cada vez mais conscientes, buscam por marcas comprometidas com o mundo”, completa.
Inserir toda a cadeia de valor nas ações de DEIP não é uma tarefa fácil. Exige continuidade, fortalecimento de políticas, revisão de questões administrativas e burocráticas, mais conhecimento sobre a rede contratada e aumento na vigilância. “Uma mudança cultural dentro das organizações é imprescindível”, finaliza Keyllen.
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