Desigualdade racial afeta o salário de novos médicos contratados

Desigualdade racial no mercado de trabalho

Desigualdade racial no mercado de trabalho: médicos brancos foram contratados em maior volume e com salário 18,7% maior que negros, durante a pandemia.

Levantamento levou em conta as contratações do primeiro semestre de 2020 de acordo com dados do Caged.

Durante os 6 primeiros meses de 2020, período em que o Brasil enfrentou a pandemia da Covid-19, doença causada pelo coronavírus, houve uma explosão nas contratações de saúde.

Em relação ao período anterior, as contratações de médicos subiram 29% e o saldo entre admissões e demissões (geração de postos de trabalho) cresceu em 2.257.

Entretanto, ele expôs outra face da nossa sociedade. Entre os profissionais, a maioria foi de brancos que também receberam remuneração, em média, 18,7% maior em relação aos negros.

Desigualdade racial: Levantamento do Quero Bolsa

As informações são de um levantamento do Quero Bolsa , plataforma de bolsas de estudo e vagas no ensinos superior, utilizando dados de janeiro a junho do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, o Caged.

Segundo o que o levantamento aponta, foram registradas 3.927 contratações de médicos brancos contra 2.197 dos negros (pretos e pardos). Ambos os números correspondem a 56,1% e 31,4% do total de 7.001 profissionais contratados com ensino superior no período. O salário médio das admissões também foi maior, com R﹩ 6.950,73 para profissionais brancos e R﹩ 5.855,96 para negros.

Se analisados a nível dos estados, considerando aqueles com pelo menos 10 contratações tanto de médicos negros quanto de brancos, a tendência se mantém em 9 deles e muda em outros 5.

Desigualdade racial: No estado do Pará

O Pará é onde a diferença é maior, com remuneração 43,1% maior para brancos. O inverso acontece em São Paulo, em que profissionais brancos recebem salário 15,7% menor. Espírito Santo é o que mais se aproxima da igualdade, com apenas brancos recebendo salário 0,38% menor.

Desigualdade racial: Enfermagem segue tendência, mas em menor escala

Entre os profissionais com ensino superior contratados para a carreira de enfermagem (37.296), 46,1% deles eram brancos (17.186) e 40,1% eram negros (14.957). Na média nacional, os profissionais brancos receberam uma remuneração média de R﹩ 3.658,92, correspondente a 12,6% a mais que os R﹩ 3.248,50 que profissionais negros receberam.

Analisando a nível dos estados, considerando aqueles com pelo menos 10 enfermeiros brancos e 10 negros contratados, em 14 deles profissionais brancos recebem mais do que profissionais negros e em 10 deles acontece o contrário.

O estado com maior diferença entre o salário de enfermeiros brancos em relação a negros está no Amazonas, com 135% a mais. O contrário acontece em Sergipe, com brancos recebendo 28,9% a menos. O mais próximo da equidade é Goiás com enfermeiros brancos recebendo 0,67% a mais.

Desigualdade racial: Sobre o Quero Bolsa

O Quero Bolsa conecta alunos a instituições de ensino e oferece vagas e bolsas de estudo em cursos de Ensino Superior, Ensino Básico, Idiomas e Intercâmbio. Em um cenário em que apenas 15,7% dos adultos brasileiros concluíram a graduação, segundo dados do IBGE, ele cresce a passos largos e já gerou uma economia de mais de R﹩ 1,3 bilhão para alunos do país inteiro.
Atualmente a plataforma conta com mais de 6 mil escolas parceiras, 1.600 instituições de ensino superior, 2.500 de ensino básico, além de mais de 10 mil opções de cursos de idiomas e 50 mil de intercâmbio.

Desigualdade racial: O racismo de acordo com o olhar mais aprofundado da psicologia

No mundo todo, a questão do preconceito racial vem sendo bastante discutida, desde que George Floyd, um afro-americano de 46 anos, foi morto pelo policial branco Derek Chauvin.

A morte aconteceu no dia 25 de maio, em Minneapolis, nos Estados Unidos, e desencadeou uma onda de protestos nos EUA e em diversos países da Europa, Ásia e África- e também no Brasil.

As manifestações criticam a atuação da polícia dos Estados Unidos contra a população negra e foram combatidas com violência pela própria polícia em algumas regiões do país.

Tudo isso levou a Organização das Nações Unidas (ONU) a anunciar que deverá preparar um relatório sobre racismo sistêmico pelo mundo, violações dos direitos humanos de africanos e pessoas de ascendência africana por órgãos policiais.

“Sabemos que, para enfrentar o racismo no Brasil e em outros países, precisamos de mais empatia, e isso vem sendo despertado em mais pessoas com esses recentes acontecimentos pelo mundo”, afirma a psicóloga Regina Tavares.

Segundo a profissional, para entender e combater o racismo, é fundamental um olhar atento e com mais profundidade, individual, em cada um de nós, buscando a nossa essência mais íntima e distante das lentes sociais que, de alguma forma, estabelecem determinados padrões na sociedade.

Esse é um dos caminhos para que sejam criadas novas políticas públicas de combate a qualquer tipo de preconceito racial. “É também uma ponte que leva a uma parte da história social que é, antes de tudo, individual, pois não existe o outro isolado. Existe o nós, o todo”, acrescenta Regina.

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