Basta estar empregado para correr o risco de ser demitido. Em maior ou menor probabilidade, todos estão suscetíveis a passar por aquela temida conversa com o gestor e o RH.
Você certamente já passou por isso ou conhece alguém que integre a estatística dos atuais 13 milhões de desempregados brasileiros. Temos recebidos muitas mensagens de leitores nos questionando sobre como se posicionar no mercado após um desligamento. Estamos aqui para ajuda-los.
Primeiro passo, não se desespere. Ser demitido significa apenas uma quebra de contrato, que pode acontecer porque um dos lados não vê mais vantagem na relação profissional ou, mais comum, os dois lados já não estão mais satisfeitos. O desligamento não indica que você é um profissional desqualificado, embora seja importante refletir o que levou a empresa a optar por essa decisão.
Uma opinião particular que percebo no mercado de trabalho é que:
Você sempre será contratado pelas suas qualificações, e demitido pelo seu comportamento.
Dificilmente, vejo demissões por incompetências técnicas. Muitos desligamentos que eu vi ou tive que fazer foram relacionados à postura ou ao comportamento inadequado do profissional.
Portanto, vale a pena analisar de que forma você estava se relacionando com o seu trabalho e com o seu gestor. Essa é a conclusão da Juliana Tirapelli, supervisora de recursos humanos. “Por mais que você não concorde com o motivo que te falaram na demissão, sempre procure aprender com isso. Muitas vezes, você não teve a intenção de agir de forma prejudicial à empresa, e nem concorde com o feedback, mas pense que essa é a impressão que você passou para o seu gestor e isso é o mais importante. Pense no que poderia ser diferente”, ressalta.
Como um recrutador enxerga um candidato que foi demitido do antigo emprego
É nesse momento que surge a imaginação dos candidatos. Em uma entrevista, após a demissão, o profissional cria diversos argumentos para responder o motivo de ter sido desligado. Isso quando conta que foi demitido.
Não precisa mentir. Em conversa com a supervisora de RH, ela nos explica que não existe um julgamento negativo nesses casos e que é inclusive indiferente se o candidato pediu demissão ou foi demitido. “Procuro saber quais foram os motivos para o desligamento, seja a pedido do candidato ou por uma decisão da empresa. Não necessariamente esse motivo vai ser decisivo para a continuidade do candidato no processo seletivo”, conta Juliana.
A supervisora de RH conclui ainda que o profissional não precisa se preocupar com o julgamento sobre ter sido desligado e sim saber justificar os motivos dessa decisão.
Como falar sobre a sua demissão no processo seletivo
Primeiramente, fale a verdade. Nas constantes conversas que temos com headhunters e profissionais de RH, eles sempre ressaltam o quanto a mentira pode ser prejudicial no processo seletivo. Tome cuidado, eles de fato ligam para antigas empresas para buscar referências.
Logo, qual a melhor maneira de falar sobre a sua demissão em uma entrevista de emprego?
“O melhor sempre é dizer a verdade, até para evitar frustrações para o próprio profissional. Tudo depende da forma que você coloca, tente deixar claro com exemplos”, pontua Juliana.
A supervisora de RH explica que é preciso cautela quando o motivo da demissão ocorrer por um desentendimento pessoal com o antigo gestor. Se esse for o caso, deve ser explicado de forma racional para evitar uma má impressão do candidato.
Lembre-se que tudo que é falado em uma entrevista servirá para construir um julgamento sobre você profissionalmente. Por isso, de forma alguma, faça comentários difamatórios sobre a sua antiga empresa ou gestor, isso passa uma imagem desrespeitosa.
Como sempre defendemos, o processo seletivo deve ser baseado na racionalidade e objetividade. Não faça comentários emotivos e pessoais, diga de forma clara e direta os motivos para a relação desarmoniosa com a empresa.
O que fazer quando você foi demitido
Pode ser tentador, mas ficar em casa vendo séries não vai ajudar você a conquistar uma nova oportunidade no mercado de trabalho. Só ficar procurando um novo emprego, tampouco. É preciso estar em atividade para não causar a impressão de comodismo.
“Caso esse período seja de mais de seis meses, fazer um curso ou alguma atividade ligada à carreira, é visto com bons olhos. Procure não ficar parado, mostre que você continua ativo no mercado e interessado em se desenvolver”, diz a supervisora de recursos humanos.
Você pode fazer um curso técnico ou um mais generalista como liderança, motivação de equipe, gestão do tempo, entre outros. A falta de dinheiro não é uma desculpa, hoje existem diversos cursos gratuitos online.
Se a grana não é o problema, por que não se aventurar em uma viagem para aprimorar o seu idioma?
Outra opção, é se envolver em algum projeto como freelancer ou consultor por alguns meses. Se não conseguir nenhuma oportunidade assim, uma ideia é se oferecer para fazer o trabalho de forma gratuita mesmo. Você ganha pela experiência, preenche seu currículo com um novo aprendizado e ainda consegue fazer um networking. E tudo isso você deve colocar no seu currículo.
O que colocar no currículo quando você está desempregado
Quando fui demitida de um emprego, uma amiga próxima me disse: “Não usa essa palavra em nome de todos os santos! Diga que você está ‘disponível no mercado’, é mais chique”.
De fato, dizer que está disponível é mais chique do que dizer que você está desempregada. Mas vamos para o lado prático do processo seletivo.
Já explicamos alguma vezes aqui que as palavras no currículo ou no e-mail para o recrutador são ouro e, portando, é preciso economizá-las para dar um tiro certeiro. Muitas pessoas colocam “disponível no mercado” como uma das primeiras informações no currículo e no Linkedin. Isso significa que essa vai ser a primeira informação que o recrutador vai ver, é uma perda de tempo e espaço.
Coloque informações mais relevantes, como a sua experiência na área e seus conhecimentos técnicos.
A supervisora de recursos humanos, Juliana Tirapelli, concorda. “Não aconselho colocar isso no Linkedin e no assunto do e-mail. Inclua apenas a data de saída da última empresa. Os recrutadores usam filtros de busca por palavras-chave ou por cargo. Então, preocupe-se em colocar atividades que você realizava no último cargo que assumiu. Isso serve para outros sites de busca de emprego como o Vagas. Até mesmo por e-mail, prefiro os que colocam o cargo no assunto”, explica.
Fui demitido, e agora? Siga em frente
Portanto, leve a demissão com naturalidade e reflita sobre os motivos de forma racional. Exponha a verdade no processo seletivo e seja objetivo, sem falar de sentimentos ou questões pessoais.
Busque conhecimento e atividades que possam agregar no seu currículo e não coloque “disponível no mercado” nas suas redes.
Não se abale e mantenha a energia e o otimismo.
“O que não provoca a minha morte faz com que eu fique mais forte”. Friedrich Nietzsche.