Verônica Vassalo avalia a pauta ESG: ter estratégias de ESG transversais é uma necessidade inadiável das organizações, avalia a consultora.
A atuação de empresas será cada vez mais regulada por leis alinhadas aos princípios do ESG, no que diz respeito à preservação ambiental, à redução de desigualdades sociais e à governança corporativa.
A avaliação é da consultora Verônica Vassalo, coordenadora de projetos da consultoria Tree Diversidade, para quem empresas em todo mundo seguirão pressionadas a adotar estratégias efetivas de ESG, seja de forma intencional, para buscar uma posição competitiva no mercado, ou a reboque da concorrência, para cumprir obrigações legais.
“ESG não é moda, nem tendência, é uma pendência histórica”, argumenta Vassalo. “O ESG tenta lidar com questões que estão postas historicamente e que estão entrando no ordenamento jurídico nacional e internacional. As empresas precisam, portanto, se antecipar. Não é só uma questão de imagem. É uma demanda do negócio”, defendeu a especialista em uma mentoria dirigida a profissionais da área.
Na visão de Vassalo, o ESG é a resposta de setores econômicos a um processo histórico no qual movimentos sociais ao redor do globo vêm tencionando estados nacionais para criar legislações e políticas públicas que contemplem as necessidades de todos os grupos sociais, principalmente dos mais pobres.
No caso do Brasil, esse processo histórico já resultou em marcos legais como o Estatuto da Igualdade Racial, da Criança e do Adolescente, do Idoso, o Código do Consumidor e até a Constituição Federal, claramente inspirados na Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, e outros marcos que puseram no debate público global as demandas neles contemplados.
Verônica Vassalo avalia a pauta ESG: evolução
A especialista acredita, no entanto, que a legislação ainda vai evoluir no sentido de atender novas demandas sociais e, principalmente, ambientais, que vêm sendo colocadas “de forma muito clara” em compromissos multilaterais recentes, com a adesão de quase todos os países do globo.
Caso do Acordo de Paris, de 2015, o mais recente compromisso de estados nacionais contra as mudanças climáticas, reverberado no setor privado por meio dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e do Pacto Global, das Nações Unidas, que contêm proposições semelhantes para empresas, segundo seu escopo de atuação.
Esses marcos, na visão de Vassalo, estão motivando legislações cada vez mais alinhadas ao ESG e contribuindo para consolidar uma cultura corporativa pautada também pelo impacto social da atuação corporativa na sociedade. “Antes se tinha a valorização do [resultado empresarial] econômico, hoje existe também a cobrança legal e social”, diz.
Vassalo também entende que ter estratégias de ESG transversais, que atendam as necessidades de pessoas, da sociedade, das empresas, e assegurem a preservação do meio ambiente, é uma necessidade inadiável das organizações.
“Tem resistência [de CEOs em investir em ESG], sim, mas até quando? A gente vê empresas que se dizem diversas ter problemas quando as inconsistências vêm a público. O mundo está mudando. Não se atinge lucro sem que as pessoas estejam bem”, diz.
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