Empresa adere ao four-day week visando aumentar a qualidade de vida dos colaboradores e evitar o esgotamento mental.
Apesar de ser uma novidade distante da realidade da maioria das organizações brasileiras, a four-day week, ou semana de trabalho de 4 dias, já foi implantada em várias empresas estrangeiras. Os funcionários da Eva Benefícios, uma RH Tech sediada em Ouro Preto, costumam dizer que a quinta-feira é a nova sexta. O motivo é que a startup implementou, desde agosto de 2022, o novo modelo de trabalho. Vale ressaltar, que a mudança não veio acompanhada de aumentos nas horas trabalhadas ou de descontos nos salários ou benefícios.
Segundo o CEO da empresa e especialista em benefícios corporativos, Marcelo Lopes, a decisão foi tomada pensando em melhorar a qualidade de vida dos colaboradores, e para que eles também sintam a experiência de liberdade e flexibilidade que a startup tanto prega aos clientes.
Em algumas organizações do Reino Unido, a mudança foi implementada e testada e o período de experiência foi caracterizado como “um sucesso completo”. As organizações que testaram o modelo por seis meses já consideram, inclusive, tornar o sistema de horas reduzidas permanente.
Após seis meses de testes, a Eva Benefícios renovou o benefício em fevereiro de 2023, já que os resultados também foram mais que satisfatórios. “Estamos alcançando níveis cada vez maiores de produtividade e, não por acaso, em janeiro conquistamos nosso melhor desempenho em número de cartões emitidos e em faturamento”, garante Lopes.
Entretanto, o Gerente de Produtos da Eva, Cássio De Lellis, explicou que a mudança teve de vir acompanhada com alterações também na mentalidade dos funcionários e na dinâmica de trabalho. “O primeiro desafio foi redimensionar o planejamento para quatro dias na semana. O tempo de entrega acaba sendo menor e, inevitavelmente, o cérebro vem orientado para o planejamento de cinco dias úteis”, afirma De Lellis.
Empresa adere ao four-day week: experiências
Para os colaboradores da organização, o modelo também veio acompanhado de melhorias consideráveis na qualidade de vida, é o que afirma o Assistente de Qualidade da Eva, Bruno Cesar de Andrade.
Segundo Bruno, que também é estudante dos últimos períodos de Engenharia de Controle e Automação da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), o novo modelo de trabalho possibilita “ter um tempinho a mais para resolver demandas pessoais, inclusive da faculdade”. Ele esclarece que “às sextas eu desenvolvo meu TCC e tenho tempo para resolver pendências, além de poder relaxar e praticar atividades físicas”.
Segundo Marcelo Lopes, o impacto positivo também foi observado nos indicadores de absenteísmo da empresa. “Com um dia para resolver questões pessoais como consultas e exames, dentre outras urgências, os funcionários acabam se ausentando menos no trabalho para lidar com tais questões”.
Leonardo Grein, que também está na reta final de seu curso na UFOP, relata que o benefício melhorou consideravelmente seu bem-estar. “Não começo mais a segunda-feira com aquela sensação de esgotamento, já que o fim de semana eram apenas dois dias para descansar, cuidar da casa, resolver demandas da faculdade e ter algum tempo de lazer”, afirma o estudante de jornalismo.
Já Beatriz Ribeiro, que é Representante de Desenvolvimento de Vendas, conta que é mãe solo e que a sexta-feira se tornou um dia de autocuidado e descanso, já que é um dia em que a filha está na escola.
A jornada de quatro dias pode trazer muitos benefícios para a empresa e para o empregado, mas é uma questão que ainda precisa ser muito bem discutida e muito bem tratada e desenvolvida dentro do Brasil.
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