Habilidades interpessoais são mais valorizadas após mudanças no modelo de trabalho.
Empresas priorizam fit cultural e competências socioemocionais no recrutamento de profissionais e buscam pessoas que tragam novas ideias e sejam capazes de gerar redes de relacionamento.
A mudança no modelo de trabalho está impactando o perfil de profissionais valorizados pelas empresas. Segundo a McKinsey, a expansão da tecnologia, que permite mais flexibilidade para a jornada, trouxe novos paradigmas sobre a participação das pessoas dentro das organizações. O estudo revela que as empresas estão priorizando pessoas disponíveis a trazer e compartilhar ideias inovadoras. Além disso, com a possibilidade de fazer reuniões virtuais, as corporações estão interessadas em promover a diversidade e também em desenvolver relações mais centralizadas no cliente.
Exemplo disso é a Captei, proptech com plataformas para a captação de imóveis e gestão da jornada de locação. A startup ampliou áreas como marketing, vendas, tecnologia da informação e customer succsess após receber um investimento de R$ 7,5 mi liderado pela DOMO Invest, Terracotta Ventures e ACE Startups. “Mesmo com a capacidade monetária para ampliar o time, ainda temos dificuldade em contratar profissionais qualificados que se encaixem na cultura da empresa e que tenham as soft skills esperadas para esses cargos”, afirma Elizabeth Pires Gomes, Gerente de RH na Captei.
Habilidades interpessoais são mais valorizadas: soft skills
O que Gomes chama de soft skills são habilidades e competências socioemocionais associadas ao relacionamento no ambiente profissional. Essas habilidades variam de acordo com a função a ser desempenhada, mas podem incluir criatividade, comunicação, colaboração, resiliência, resolução de problemas e mentalidade orientada a dados. “Habilidades ou domínio técnico, a depender do nível profissional, podem ser ensinados e aperfeiçoados ao longo do tempo. Mas, postura adequada, comportamento e a forma de lidar com as demandas é algo muito mais complexo. Quando não há identificação mútua, dificilmente essa pessoa trará reais benefícios para a empresa e vice-versa”, complementa.
Especialista no recrutamento de profissionais de TI, setor onde a flexibilidade é quase regra, o CEO e fundador da GeekHunter, Tomás Ferrari, recomenda alinhar as competências técnicas dos candidatos às soft skills adequadas aos processos seletivos abertos. “As tecnologias disponíveis no mercado mudam o tempo todo e os profissionais precisam se adaptar rapidamente a estas mudanças. Por isso, durante o recrutamento, além de validar tecnicamente o candidato, as empresas também devem analisar as habilidades interpessoais, principalmente a capacidade de resolver problemas e se adaptar a mudanças. O profissional que tem altíssima adaptabilidade vai desaprender e aprender muito rápido as novas tecnologias recorrentes na empresa”, afirma.
Economia digital impacta todas as profissões
A velocidade das habilidades técnicas e comportamentais exigidas pelas empresas muda tão rápido quanto o impacto das tecnologias. “O relatório The Future of Jobs 2020, do Fórum Econômico Mundial, sinaliza que 50% das habilidades profissionais devem mudar nos próximos cinco anos. Os quesitos que integram o perfil profissional não são mais somente técnicos. Há alguns anos, programar era o ‘novo inglês’ — todo profissional deveria saber, não importava o cargo. Agora, soft skills, como inteligência emocional e inovação, também parecem premissa básica de qualquer profissão”, afirma Leandro Herrera, CEO e fundador Tera, plataforma de educação online para carreiras digitais.
De acordo com a pesquisa Digital Skills, realizada pela Tera em parceria com a MindMiners, apesar dos cargos digitais serem mais relacionados a negócios nativos digitais, as empresas que mais contratam profissionais dessas áreas são grandes empresas tradicionais (23%), seguidas por startups (20%) e grandes empresas digitais (13%).
Segundo Herrera, isso acontece porque as empresas tradicionais não tiveram outra escolha além de entrar no jogo. “Há alguns anos, para muitas empresas, um futuro digital parecia uma miragem. De miragem, em um piscar de olhos, a digitalização rapidamente se tornou uma ameaça. O tempo correu mais rápido que o previsto, o mundo mudou mais radicalmente do que nunca, e aquilo que era uma oportunidade se tornou uma necessidade latente. Hoje, investir em digitalização é essencial para qualquer empresa se manter competitiva e viva no mercado. A tendência é a mesma de antes, o que aumentou foi a urgência e o tamanho”, afirma.
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