As lições do caso Americanas: especialista alerta e dá dicas para as companhias não sofrerem o mesmo.
Nos últimos dias, investidores e até mesmo a população em geral, foram surpreendidos com o escândalo do rombo das Americanas. A atenção foi direcionada após a divulgação pela companhia de “fato relevante” onde reconhece “inconsistências” na sua contabilidade no montante de R$20 bilhões, levando as ações a uma queda de 77% em um único dia.
Um dia após a divulgação do fato a empresa ingressou com uma medida cautelar antecedente (processo judicial), visando proteger seus ativos de penhoras, arrestos, bloqueios etc., especialmente os recursos ainda existentes no caixa da companhia, e alguns dias depois protocolou formalmente seu pedido de recuperação judicial, declarando uma dívida global de mais de R$ 43 bilhões.
Além disso, Sérgio Rial, que havia assumido o cargo de presidente-executivo da companhia há apenas nove dias, optou por deixar o comando da empresa, assim como o diretor de relações com investidores, André Covre.
De acordo com o Dr. Alcides Wilhelm, advogado e contador, sócio da Contax Contabilidade e Planejamento Tributário, ainda não se tem todas as informações disponíveis para avaliar o impacto causado pelas chamadas “inconsistências contábeis”. “Mas podemos dizer que toda essa situação trouxe uma crise de confiança para a empresa e o mercado, impactando negativamente tanto o valor das ações como dos títulos de dívida da varejista. Além disso, é provável que ocorram demissões em massa, cortes de despesas e investimentos nos próximos meses”, informa.
O que é inconsistência contábil?
Inconsistência contábil nada mais é do que um eufemismo para erros cometidos, seja por interpretação das normas contábeis, por equívoco em lançamentos, ou mesmo de maneira intencional, nesse caso podendo ser enquadrado como crime.
Na rotina das empresas é comum ter alguma inconsistência contábil, porém não nessa magnitude divulgada pela Americanas. Por mais que seja corriqueiro, não é ideal que esses erros aconteçam e para evitar isso, o mais indicado é ter um setor contábil conhecedor das técnicas que devem ser adotadas para a escrituração das operações da empresa.
Wilhelm explica que “isso ocorre por diversos motivos e nos mais variados setores da empresa, seja na gestão de documentos fiscais, controle de estoques, entregas de declarações, pagamentos de impostos, contas a pagar e a receber, sistemas mal parametrizados, entre outros”.
As lições do caso Americanas: a importância de um bom serviço contábil
No caso das Americanas não podemos afirmar qual o tipo de inconsistência ocorreu, mas podemos concluir que não contratar um serviço contábil e de auditoria sérios, com conhecimento técnico adequado para o tipo de negócio, pode gerar grandes problemas às companhias, indiferente do seu porte.
Wilhelm lembra também que o Brasil tem um dos piores sistemas tributários do mundo, exigindo um esforço enorme por parte das companhias para estarem em conformidade com a legislação. “Muitos negócios são inviabilizados devido a interpretação da legislação tributária por parte do fisco e dos contribuintes divergirem, o que ocasiona autos de infração fiscal impagáveis”.
A ausência de um bom profissional de contabilidade pode gerar dívidas, levar a empresa para a ilegalidade e certamente afetar a sua saúde financeira. “Nota-se que o contador tem um grande papel dentro das empresas, seja nos momentos bons ou ruins. O exercício contábil vai além da gestão das obrigações financeiras e de legislação. É uma verdadeira consultoria aos diretores e colaboradores sobre como manter uma empresa correta e de forma legal no mercado atualmente. Um bom serviço contábil vai fazer diferença no real sucesso da empresa”, conclui.
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