Comunicação Empresarial é uma ciência

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Em uma época em que pouco se falava de comunicação interna, a analista sênior Juliana Braz Garbossa aceitou o desafio de iniciar essa área dentro da Tokio Marine. Com o cargo temporário, ela tinha a difícil missão, junto com sua gestora, de engajar e convencer a empresa da importância de sua área. Hoje, ela conta para o PraCarreiras tudo sobre a profissão de comunicação empresarial.

Sete anos se passaram, e hoje ela orgulha-se ao dizer que o setor está consolidado em sua empresa. Além disso, ela destaca o crescimento ascendente da comunicação interna nas grandes corporações.

E, ela ainda defende: “comunicação é uma ciência, e, portanto, demanda estudo”.

PC: Como foi o início da sua carreira de comunicação empresarial?

Eu estudei publicidade e propaganda na FAAP. Escolhi o curso porque me identificava com matérias de humanas e gostava de analisar comerciais quando era mais nova.

Já na época do estágio, comecei a trabalhar em uma agência de publicidade na área de planejamento. Isso foi muito positivo, pois, hoje me relaciono com uma agência e sei como demandar da melhor forma.

Três anos depois, fui convidada para iniciar a área de comunicação interna na Tokio Marine junto com a minha gestão. Hoje, 80% da comunicação da empresa pertence ao RH.

PC: E como é a rotina de um profissional de comunicação empresarial?

A minha única rotina é escrever a newsletter semanal. De resto, não existe uma rotina fixa, e é justamente isso que eu mais adoro na minha profissão.

Trabalhamos com muitos projetos internos. Criamos a comunicação e validamos peças com a agência. Buscamos tendências de mercado, fazemos benchmarketing e organizamos eventos. Tudo acontece ao mesmo tempo e é sempre muito corrido.

PC: Que tipo de eventos vocês organizam?

Atualmente, temos a Semana do Bem-Estar. Esse é um evento descontraído com palestras e workshops com informações importantes que a empresa quer passar aos seus colaboradores.

Percebemos que muitos funcionários não sabiam ao certo todos os benefícios recebidos. E, por isso, resolvemos incluir nesse evento a Feira dos Benefícios.

O que começou com stands explicativos de cada tipo de benefício, passou a ser um jogo online com quiz sobre o tema.

O objetivo da Semana do Bem-Estar é reter funcionários, que acabam pedindo demissão para receber um salário um pouco maior. E, muitas vezes, não cobre os benefícios oferecidos pela Tokio.

Esse é um ponto muito importante. Todos os eventos e projetos desenvolvidos pela comunicação empresarial sempre precisam de um objetivo específico.

Nós acompanhamos todo o fluxo desse tipo de ação. Da montagem a desmontagem do evento. E contamos muito com a ajuda do marketing no processo todo.

PC: Como você vê a importância da comunicação empresarial dentro das corporações?

Hoje, eu fico muito feliz de ver que as empresas enxergam a área de comunicação empresarial como um investimento para trazer mais lucros e rentabilidade.

São as pessoas que fazem as corporações crescerem e, por isso, o foco está muito mais em retenção e engajamento de colaboradores.

Já é possível encontrar cursos de Experiência do Colaborador no mercado, quando antes só se discutia a Experiência do Cliente.

Acredito que essa diferença se acentuou há uns dois ou três anos, quando as empresas começaram a ver a comunicação como um instrumento estratégico.

Ainda temos muitos tabus para serem quebrados. Muita gente acha, por exemplo, que a comunicação é fácil e todo mundo pode fazer.

Essa é uma falsa sensação de que a comunicação não é técnica; a comunicação é uma ciência e demanda estudo.

Estamos avançando com a implantação de indicadores que comprovem o resultado de uma boa comunicação, esse é, sem dúvida, o nosso maior desafio.

PC: E como está o mercado para profissionais da área de comunicação empresarial?

Sabemos que o mercado não está dos melhores ultimamente.

Mas, mesmo assim, vejo que a área de comunicação interna vem crescendo e aparecendo em muitas empresas, o que tem dado um certo ritmo nas contratações.

PC: Qual a maior dificuldade no trabalho que um profissional de comunicação empresarial tem que enfrentar?

O mais difícil é lidar com pessoas. Na Tokio, tenho 30 clientes internos e todos são diferentes uns dos outros.

Existem pessoas fáceis de lidar, outras que batem de frente. Tem cliente que passa todas as informações necessárias para desenvolvermos um projeto, já outros mandam diversos arquivos, anexos, textos e pecam na objetividade.

PC: E o que é preciso para ser um bom profissional de comunicação empresarial?

É preciso ter um bom relacionamento interpessoal, ser um bom comunicador, objetivo, criativo para descobrir novas ferramentas e canais de comunicação, trabalhar bem com prazos e ter um senso crítico apurado, já que nós é que aprovamos conteúdos e materiais de divulgação interna.

Tem que ser um consultor e saber dizer quais possíveis melhorias podem ser implementadas na empresa.

O conhecimento de Excel e Power Point são essenciais e ajudam muito no dia a dia do trabalho. O timing é um desafio constante, pois além do cronograma anual, surgem diversas outras oportunidades no caminho e é preciso ter agilidade e organização para nada se perder.

PC: Quais dicas você dá para se aprimorar na carreira?

Eu gosto muito de cursos rápidos, mas o meio em que eu mais adquiro conhecimento novos é com o benchmarketing.

A Tokio é considerada a quinta melhor empresa para se trabalhar e isso tem chamado a atenção do mercado.

Então, muitas empresas agendam encontros com a gente para fazer uma troca de experiências entre áreas da comunicação interna. Nessas ocasiões, discutimos o ciclo de vida do colaborador, engajamento, entre outros pontos.

Também agendo com outras empresas, principalmente quando vejo algum case de sucesso no mercado.

O Whtasapp ajuda muito, tenho um grupo de recrutamento e seleção que possui discussões constantemente, além de informações importantes, notícias do mercado e encontros presenciais.

PC: O que é sucesso para você?

Sucesso é quando você se sente realizado e faz diferença na vida das pessoas. Encontrar um propósito na vida que faça sentido, é sucesso. Também destaco a possibilidade de equilibrar vida profissional e pessoal.

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