“Meu currículo é bem esquisito”, é assim que a Superintendente de RH Juliana Zan, começa a descrever sua trajetória profissional. Com experiências em diversas áreas diferentes, a profissional garante que o crescimento depende de um perfil questionador e curioso, que esteja sempre disposto a estudar. Hoje, ela vai nos contar um pouco sobre trabalho no RH e sua trajetória de sucesso.
Em um bate papo descontraído, fica perceptível o quanto a Juliana é apaixonada pelo seu emprego. Isso permite levar sua rotina de trabalho com prazer e felicidade.
Hoje, ela faz parte de projetos que permitiram sua empresa estar entre uma das melhores para se trabalhar no Brasil. Além disso, ela lidera uma equipe de 30 pessoas (é poder que fala né?).
PC: Sempre pensei que um profissional de sucesso como você tivesse um currículo perfeito, conta mais sobre esse “currículo esquisito”?
Escolhi a faculdade antes de entrar no colegial. E, hotelaria estava em ascensão na época. Por isso, decidi fazer um colegial técnico em Nutrição – Alimentos e Bebidas.
Na época, um curso técnico abria muitas portas para o mercado, então foi uma decisão acertada.
O meu primeiro estágio já me ensinou muito sobre mercado de trabalho. Na medida em que eu caia, apanhava, aprendia e ganhava exposição.
Quando fui me matricular na faculdade, optei por Administração com ênfase em Hotelaria.
Fui recusada em um processo seletivo de um grande hotel porque não sabia inglês. Daí decidi trancar tudo e passar um ano na Califórnia estudando o idioma. No final, no entanto, voltei com a bagagem cheia de novas experiências de vida.
Resolvi me envolver com auditoria e passei em um processo seletivo na Deloitte. Apesar de ter aprendido muito com essa experiência, meu projeto de ter qualidade de vida havia falhado.
Tinha certeza que não queria continuar naquele emprego, mas não sabia exatamente o que fazer.
Foi quando recebi um convite para trabalhar com Compliance na Tokio Marine, e resolvi arriscar.
Diferentemente de auditoria, que é um trabalho mais de investigar e multar, compliance tem muito mais relação com a parte de conscientização, por isso, eu amei.
Em uma conversa despretensiosa, eu disse que gostaria de ir para a área de RH. E, um tempo depois, surgiu uma área e um convite.
Por isso, digo que meu currículo não tem nada a ver com nada. Mas, cada etapa me ajudou a chegar onde eu queria.
PC: Como é o trabalho no RH?
Diferente de trabalhar com máquinas, lidamos com pessoas e isso é um desafio e uma inconstância, mas é algo que eu adoro.
A área de RH não tem rotina e a cada dia temos um desafio novo com os nossos clientes internos.
É uma satisfação muito grande saber que você pode fazer a diferença na vida de alguém, seja através de um projeto social na empresa, um novo benefício ou com uma simples conversa e troca de experiências.
Na Tokio Marine, tenho um time de 30 pessoas, por isso não faço nada sozinha.
O RH é responsável por contratações, benefícios, eventos, marketing, entre outras atribuições. Essa é a área que humaniza as relações entre a empresa e os colaboradores.
Por exemplo, costumamos fazer o Dia dos Filhos na Tokio, em que os filhos dos colaboradores vão até o trabalho para conhecer onde os pais trabalham e o que eles fazem.
Muitos filhos ficam ansiosos pela data e isso é muito gratificante para nossa equipe.
PC: O trabalho no RH lida muito com projetos internos. Como isso funciona na prática?
Os projetos possuem sempre um objetivo, que é engajar o time e mobilizá-los para trabalhar em prol da empresa em um bom clima organizacional.
Para isso, temos que entender a demanda dos colaboradores, conciliar o que eles precisam com as necessidades da empresa, estar antenado com novidades do mercado e sempre disposto a ouvir a todos.
Para exemplificar um projeto, fizemos um de inteligência artificial na Tokio Marine.
Os colaboradores ligavam muito para o RH para fazer perguntas sobre previdência e benefícios e outros pontos. Isso tirava um pouco a produtividade do meu time, que precisava parar tudo para responder às ligações.
Foi então que decidimos criar a Marina, que é nossa “resolvedora digital”. Para criar identificação entre funcionários e a Marina, criamos um perfil bem descolado, cool, nada muito robótico.
Então, quando alguém liga para perguntas sobre as férias, por exemplo, ela começa dizendo: Ah, o descanso do guerreiro, todo mundo merece tirar férias”.
Acredito que precisamos sempre usar a tecnologia para aumentar a nossa produtividade e isso não significa demissão.
Não desligamos nenhum funcionário, melhoramos a entrega da equipe de RH, diminuímos em 60% as ligações e ainda ganhamos a simpatia dos colaboradores com a Marina.
Claro que em todos os projetos, precisamos sempre fazer um estudo sobre sua viabilidade, criar pesquisas com a empresa e projetar resultados positivos para a empresa.
PC: Quais os principais desafios de um trabalho no RH?
Com certeza, as pessoas. Ao mesmo tempo que as pessoas são a parte mágica, elas também são um desafio.
PC: Do que você menos gosta no trabalho no RH?
Difícil falar do que não gostamos, porque o RH é dividido em vários segmentos e você pode trabalhar naquilo que você tem mais aptidão.
Tem perfil mais metódicos que ficam com áreas operacionais, outros que são mais relacionais e trabalham com eventos.
Sei que não respondi sua pergunta, mas acredito que as diferentes possibilidades do RH podem se encaixar em cada tipo de profissional.
PC: O que um profissional precisa para crescer profissionalmente?
Eu recomendo que as pessoas sejam sempre curiosas e questionadoras, em todas as épocas profissionais.
E ser questionador não é ficar repetindo um monte de “por que”, mas sim questionar o status quo, não aceitar problemas e buscar soluções.
Isso permite que você se conheça mais e se desenvolva muito. Também é importante estar sempre antenado com o que acontece no mercado e com novidades da sua área.
Ler muito e saber o que o concorrente está fazendo enriquece suas discussões e argumentações.
E tudo isso não adianta nada se existe arrogância no discurso, saber se expressas é uma habilidade muito valiosa.
Acho essencial sempre estudar. A cada passo da minha carreira, fiz um curso novo para me tornar uma profissional mais competente na nova oportunidade.
Você não precisa ser especialista e técnico logo que entra em um novo emprego, mas isso deve ser feito ao longo de sua jornada nessa empresa.
PC: Você acha importante fazer um MBA ou uma pós-graduação?
O importante é ter conhecimento naquilo que você está atuando no momento.
Para mim, a pós-graduação ajudou muito, mas as formas de ensino estão mudando muito.
Hoje não é tão essencial um longo curso, mas cursos de tiros rápidos e com conteúdo mais específico. Isso vai depender muito de cada área também.
PC: O que é sucesso para você?
Sucesso é ser feliz naquilo que você faz, e só.