Pesquisa aponta que boa parte dos profissionais de TI mudariam de país, sendo o salário a principal razão para almejarem uma vaga internacional.
Estados Unidos, Canadá e Portugal são os países de maior interesse das pessoas desenvolvedoras.
A oportunidade de trabalhar para uma empresa estrangeira e ainda receber um salário em dólar faria com que muitos profissionais da área de tecnologia trocassem um emprego no Brasil por um no exterior. Levantamento realizado pela GeekHunter, startup de recrutamento em tecnologia, mostra que 64% das pessoas desenvolvedoras brasileiras aceitariam propostas internacionais mesmo se o trabalho fosse presencial. Estados Unidos (28,4%), Canadá (24,6%) e Portugal (20,6%) são os países de maior interesse. A pesquisa ouviu quase 400 profissionais de TI, sendo que mais da metade (51,8%) são seniores, com seis ou mais anos de experiência, e 44,2% estão na faixa etária entre 26 e 35 anos.
O estudo aponta que o salário (19,5%) segue sendo a principal razão para brasileiros almejarem uma vaga internacional. Mas a oportunidade de crescer na carreira (16%), tecnologia aplicada pela empresa (12,9%) e cultura organizacional (12,8%) também são bons motivos para a mudança de emprego. Entre os respondentes, 42% dizem nunca terem trabalhado fora do país, mas 38% afirmam que estão de olho em algumas vagas.
Profissionais de TI mudariam de país: melhor remuneração e demanda
“A remuneração, com certeza, é o maior motivador, principalmente porque temos um deságio cambial muito forte. Hoje, uma pessoa desenvolvedora com boas habilidades consegue ganhar, em média, de 4 a 6 mil dólares mensalmente. Para quem é sênior, perfil mais disputado tanto aqui no Brasil quanto lá fora, o salário pode passar dos 10 mil dólares”, diz Lucas Lopes, CRO na GeekHunter.
Além disso, com a alta demanda de mão de obra a nível global, empresas da América do Norte têm aumentado suas contratações de brasileiros, principalmente com a possibilidade de trabalho remoto. “No Brasil e na América Latina como um todo temos uma vantagem competitiva bastante alta que é o fuso horário, diferente de profissionais que estão na China ou Índia, que têm um gap de fuso horário muito grande”.
Não falar outros idiomas é a maior barreira para brasileiros
Enquanto o salário atrai muitos profissionais para trabalhar no exterior, seja na modalidade remota ou presencial, não falar o idioma do país é o principal motivo apontado por 32% dos entrevistados para não se candidatar ou aceitar uma vaga internacional. “Muitas vezes, o candidato tem boa experiência, é qualificado e competente, gostaria de trabalhar fora, mas não tem o inglês fluente, que é o principal idioma cobrado pelas empresas, se tornando uma das grandes dificuldades que observamos”, explica Lopes.
No entanto, para cargos mais técnicos, segundo Lopes, o trabalho remoto ajudou também a diminuir algumas barreiras em relação ao idioma e, muitas vezes, o candidato pode conseguir uma boa oportunidade mesmo sem um nível avançado em inglês. “O importante é a pessoa conseguir se comunicar. No trabalho remoto é comum a comunicação ocorrer de forma assíncrona via texto. Por isso, para cargos técnicos, o inglês não precisa ser perfeito. Isso já não se aplica quando a função é de gestão, que exige mais comunicação em tempo real e é preciso ser fluente”.
A pesquisa aponta que 36,9% das pessoas desenvolvedoras dizem ter nível intermediário de inglês, 31,7% avançado, 17,1% básico ou iniciante e apenas 13,1% se consideram fluentes. Em relação ao espanhol, a maioria, 44,5%, têm nível básico ou iniciante, 37,9% não fala e apenas 1,3% é fluente.
Além do idioma, outros motivos apontados pelos respondentes para não trabalhar no exterior seria receber uma proposta salarial melhor no Brasil (24,6%), cultura da empresa (22,9%) e carga horária de trabalho internacional (20,6%). “Apesar do salário atraente e muitas ofertas de emprego, vejo que muitos profissionais não se adaptam também porque têm dificuldades em trabalhar remoto em uma cultura totalmente diferente. Por isso, é importante estudar o país e a empresa, compreender essas diferenças e entender se está preparado para este desafio”, aconselha.
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